– O Kua: Conectores Energéticos do Superior e do Inferior

Se pudermos despertar e utilizar o Kua corretamente, começaremos a perceber o princípio da conexão energética na pratica. Não há tradução direta do termo ‘Kua’ e, por esse motivo, muitas vezes foi deixado de fora dos ensinamentos que foram transmitidos do Oriente para o Ocidente.

A Localização do Kua

Embora o Kua se relacione em parte com a área física do seu corpo que existe entre a pélvis e a parte superior das pernas, ele se refere com mais precisão aos portões energéticos que existem nessa área. Os Chi Men ou ‘portões de energia’ são os pontos no corpo de energia através dos quais passam os principais fluxos de Chi. Eles geralmente existem nas áreas congênitas do corpo energético, e não nas áreas adquiridas, embora haja algumas exceções a essa regra.

– A Coluna: Apoio do Tronco

Alinhar a coluna corretamente é de primordial importância no relaxamento. Pode ser particularmente difícil devido ao fato de que existem 25 articulações ao longo das costas e 24 vértebras, além do sacro. A coluna sofre muito ao longo da vida de uma pessoa e é extremamente raro encontrar uma pessoa que não tenha algum tipo de desalinhamento vertebral.

Para que se possa ter uma noção da importância da coluna em termos de energia existe uma relação de cada uma das 24 vertebras com os 24 períodos sazonais do antigo calendário chinês. Estes estão listados na tabela que segue.

Como se pode ver na tabela, cada uma das 24 vértebras da coluna tem um período de duas semanas associado a um dos períodos sazonais do calendário chinês. Isso nos mostra que o corpo humano tem uma estreita ligação com o meio ambiente e passa por vários pulsos e ciclos no tempo com a energia que nos cerca. Ao longo de um ano, um pulso sutil de energia é enviado para cima ao longo de nossa coluna, junto com vários outros movimentos que não estão diretamente ligados ao nosso ciclo anual. Este pulso começa a se mover para cima a partir da base de nossa coluna lombar no solstício de inverno e sobe até a base da segunda vértebra lombar onde o fogo Ming fica entre nossos Rins. Este pulso de energia inicia nossa elevação energética de acordo com o aumento do Chi ambiental da primavera. Se os Rins não forem adequadamente protegidos durante o inverno, essa força motriz pode não ser forte o suficiente e, portanto, podemos nos preparar para um ano ruim com baixos níveis de energia e problemas de saúde.

Para as práticas internas, há um ponto importante para entender essa conexão sazonal com a energia da coluna. Embora não precisemos circular o movimento do Chi ao longo de um ano, podemos usar a ênfase da energia sazonal em partes individuais de nossas costas para eliminar bloqueios resistentes e áreas de Chi estagnado. Durante o processo de aprender a relaxar de forma mais profunda sem dúvida se encontrará pontos específicos nas costas que parecem estagnados. A energia que se move ao longo de suas costas pode não passar desse ponto com muita facilidade. Se quisermos usar a energia do ambiente para nos ajudar em nossa prática, podemos identificar qual vértebra corresponde ao bloqueio e usar os ciclos sazonais a nosso favor. Durante o período de duas semanas relacionado a essa vértebra em particular, podemos nos concentrar em relaxar e liberar a energia dessa região, usando a “respiração sung” ou outra técnica.

Os 24 Períodos Sazonais e Vértebras Associadas

Existem inúmeras teorias no mundo das artes internas sobre como a coluna deve ser alinhada. Essas teorias vão desde endireitar completamente a coluna até curvar a base da coluna para baixo, de modo que o cóccix aponte para frente. Segundo o taoísmo, o alinhamento da coluna é muito mais simples. A coluna deve simplesmente ser mantida na posição mais natural possível, conforme mostrado na figura que segue .

Alinhamento correto da coluna humana

A força e a durabilidade da coluna dependem de ter as curvas naturais mostradas. Esta posição permite que os espaços vertebrais sejam totalmente abertos e os músculos das costas relaxem totalmente. Se a coluna for endireitada ou ajustada em uma posição não natural, ela começará a criar tensão no corpo e abrirá e fechará desigualmente os espaços entre as vértebras. Lembre-se de que a ideia do taoísmo é aderir ao Ziran (um estado natural) e isso significa manter a curva de nossas costas como uma cobra.

Um problema comum com as pessoas modernas é o desalinhamento da pelve em relação à base da coluna. A tensão na parte inferior das costas faz com que os músculos encurtem. Isso puxa a pelve para fora da linha e a inclina para uma das duas posições. Estes são mostrados na figura seguinte.

A região lombar deve estar relaxada e aberta com a pelve “pendurada” na base da coluna. Não há necessidade de forçá-lo para trás ou para frente, em vez disso, você simplesmente precisa relaxar tudo e isso permitirá que a pelve caia em sua posição natural. A pélvis tem a forma de uma tigela; se estiver alinhada corretamente servirá para segurar os órgãos da parte inferior do corpo. Se a parte inferior da coluna estiver tensa, a inclinação da pelve significa que os órgãos estão comprimidos e mantidos em tensão pelos músculos do abdome. É bastante comum que os distúrbios digestivos das pessoas desapareçam quando elas são capazes de relaxar suficientemente a coluna e permitir que a pelve fique “pendurada” na posição correta.

Alinhamentos Corretos da pelve e da região lombar

– A Onda da Coluna Taoísta

O exercício a seguir o ajudará a relaxar a coluna e a obter movimento total em toda a extensão das costas. Isso aliviará a tensão nos músculos e começará a alinhar a coluna e a pelve de maneira saudável.

– Fique em uma posição neutra com os braços soltos ao lado do corpo.

– Em seguida, comece a fazer círculos com a pélvis, flexionando um pouco as pernas, depois mova a pélvis para  frente e relaxe-a enquanto se levanta, de modo que ela retorne à posição neutra.

O que você vai conseguir são pequenos e suaves círculos da pelve que começarão a ter um efeito na parte inferior da coluna lombar. Esse efeito será uma curva suave aparecendo no momento em que a pelve se move para frente. Passe algum tempo certificando-se de que você está confortável com este estágio da prática e que não cria tensão. Se isso acontecer, diminua o movimento circular de sua pelve até que você se sinta relaxado novamente.

– Agora, deixe o movimento da parte inferior da coluna percorrer suas costas como uma onda até atingir a base do crânio.

Deve produzir um resultado semelhante à ondulação sendo feita por um chicote quando ele é estalado. Esteja ciente de que este exercício deve ser praticado lenta e suavemente. Qualquer movimento rápido corre o risco de enviar uma onda para o pescoço. Isso resultará em uma lesão de chicotada que pode ser muito dolorosa e prejudicial à sua prática.

O resultado desejado é uma ‘onda’ suave que se move uniformemente pela coluna e então passa para o pescoço. A princípio, se descobrirá que a coluna flexiona apenas em dois ou três pontos. A maioria das pessoas descobrirá que suas vértebras estão “presas” pela tensão nas costas. Persevere com este exercício até que essas vértebras ‘travadas’ se soltem e se movam individualmente. Se está tentando criar um movimento suave que é gerado pela rotação da pelve.

Quando estiver satisfeito por ter alcançado um nível adequado de flexão da coluna não se concentre mais nela. A coluna ficará adequadamente relaxada e, portanto, continuará a se mover dessa maneira durante suas atividades diárias, embora o movimento agora seja pequeno o suficiente para ser invisível para um observador. Assim, ficara com um corpo que parece ligeiramente liquefeito!

Pode-se fazer essa pratica regularmente, dez minutos por dia, para manter a flexão da coluna e, ao longo de alguns anos, as costas se tornam muito fortes e flexíveis.