Isso posto passemos aos fogos. Existem várias áreas de expansão de informação ao longo do comprimento da coluna. Esses centros ajudam a “diminuir” a frequência do Tao para a consciência. Quando você se conecta com esses sete fogos, parece que eles estão vibrando e espiralando ao mesmo tempo. Os fogos são menores do que os três Dan Tien – eles têm aproximadamente um centímetro de diâmetro. Cada um desses fogos está conectado a um aspecto diferente da nossa consciência e como ela se desenvolve; à medida que se abrem, ocorre uma grande mudança em nossa percepção.

Os fogos espinhais

Conforme mostrado a figura anterior, cada um desses fogos está diretamente conectado a uma camada diferente do nosso campo de energia, que armazena informações ao longo do curso de nossas vidas. À medida que nos aprofundamos em nossa prática e despertamos cada um dos fogos, qualquer informação desarmonica associada a um fogo em particular deve se dissolver. Essa perda de informação acumulada permite que a verdadeira consciência se mova  do nosso núcleo para o nosso ser externo, causando uma grande mudança de percepção.

Quanto mais fortes pudermos tornar essas mudanças na percepção, mais seremos capazes de estabilizar nossa mente. Estabilizar nossa mente não apenas muda a maneira como nos relacionamos com o mundo exterior, mas também nos permite refinar nossa energia espiritual dentro do ramo central do nosso Chong Mai de uma forma mais eficiente.

Quanto mais pudermos abrir o caminho energético dentro da coluna, mais seremos capazes de direcionar informações espirituais para cima através dos fogos espirituais. No início, estaremos apenas mudando o Chi através da nossa coluna, resultando nas reações espontâneas associadas a este estágio de desenvolvimento. Depois de um tempo, começaremos a elevar uma energia mais refinada ao longo do comprimento da coluna  para cima, para o centro do cérebro, em um ponto conhecido como o “palácio da pílula de lama” dentro dos textos alquímicos. À medida que essa energia espiritual sobe ao longo da coluna, ela começa a despertar cada um dos fogos espinhais, que começarão a dissolver nossa natureza adquirida.

Geralmente espera-se  que toda experiência nas artes internas seja agradável. Esse definitivamente não é o caso. Alguns dos processos que ocorrem no corpo e na mente são muito desconfortáveis. Conforme a energia espiritual  se move ao longo do comprimento da coluna, parece uma forte corrente elétrica passando por você.

Ela pode vir com uma dor aguda, do tipo “elétrica”, que faz com que os músculos se contraiam e relaxem espasmodicamente, como se estivesse conectado a uma poderosa máquina Tens (Neuroestimulação Elétrica Transcutânea). Esses choques elétricos se movem rapidamente pelo centro da coluna, subindo até a base do pescoço, ao redor da área do occipital. Eles então descarregam na base do seu crânio uma grande quantidade de energia. Classicamente, isso deve acontecer três vezes para abrir o ponto na base do crânio. Dentro das tradições alquímicas, esse processo é conhecido como “receber os três golpes do trovão”, e serve para abrir o ponto fortemente bloqueado na base do seu crânio, conhecido em muitas tradições como o “travesseiro de jade” ou, mais apropriadamente, o “centro do golpe do trovão”. Uma vez que o ponto na base do crânio for aberto, a energia espiritual surge bem no centro do seu cérebro. Quando chega a esse ponto, a energia atinge o ‘palácio da pílula de lama’, resultando em um forte choque.

O fato é que muitas práticas internas vêm com um certo grau de risco, se não forem praticadas corretamente. No caso de exercícios simples de Chi Gong ou outros, esses riscos são quase inexistentes. No entanto, uma vez que você começa a se aprofundar nas artes internas, você está essencialmente começando a trabalhar com os vários elementos que compõem sua natureza.

Primeiro, vamos deixar uma coisa clara. Para atingir o estágio de ativação dos fogos espinhais, você deve ter treinado por um longo tempo. Isso não é algo que acontecerá com você nos primeiros anos de treinamento; iniciantes não precisam se preocupar. Para que esse processo comece, o ramo espinhal do Chong Mai deve estar totalmente aberto. Você já deve ter um sistema de energia totalmente desperto, o Dan Tien inferior deve estar girando suavemente e a maioria dos pontos Chi Men (portais de energia) em todo o seu corpo precisam estar abertos. Aqueles que não estão preparados para colocar horas de prática diária provavelmente nunca chegarão a esse estágio.

Existem várias técnicas para elevar a energia espiritual em direção aos fogos espinhais, mas isso geralmente acontece como um subproduto de outro trabalho alquímico. A energia espiritual se moverá por conta própria quando estiver pronta.

Se estiver pronto, ela se moverá muito rapidamente ao longo do comprimento da coluna em direção ao ponto do “centro do trovão” na base do crânio. Se isso acontecer, simplesmente relaxe e permita que ele faça o que quiser. Você pode sentir o primeiro de três impactos na base do crânio.

Na maioria das vezes, essa energia não subiria.

Na tradição hindu, essa energia ascendente é chamada de Kundalini; diz-se  que ela se enrola como duas cobras ao longo da coluna. Por causa dessa abordagem, muitos esperam mais uma energia em espiral do que um impacto parecido com um choque elétrico. Isso provavelmente pode significar que a sensação é específica para cada indivíduo ou o método yogue faz com que a energia  espiritual suba de uma maneira diferente.

Infelizmente, essa não é uma pergunta que se possa responder, mas em encontro anterior abordamos a experiência de três praticantes que atingiram esse despertar na tradição indiana  e como vimos a natureza desagradável dessa energia espiritual subindo também é presente nos ensinamentos yogues.

À medida que a energia sobe ao longo do comprimento da coluna, ela começa o processo de despertar os sete fogos. Este é um processo gradual que se desenrola no transcorrer de um longo período de tempo. Assim como flores desabrochando, esses fogos gradualmente começam a dissolver vários aspectos da mente adquirida. Isso causa várias mudanças em sua consciência. Os fogos começam a despertar da base da coluna para cima – embora essa forma linear pareça se aplicar na maioria dos casos existem algumas descrições que falam  que diferentes fogos estão ativos em momentos diferentes. Uma vez que esse processo tenha começado, ele é alimentado por suas práticas internas regulares, especialmente a prática de meditação.

Vamos tratar agora de maneira introdutoria da natureza de cada um dos sete fogos/ caldeirões segundo experiências de praticantes portanto é importante que estejam cientes de que estes relatos sejam subjetivos e de que a experiência de outros paticantes pode ser diferente.

O nome de cada fogo é atribuído a pontos rios-chave  que existem no

mesmo local. Esses não são seus nomes clássicos – foi incluído os nomes clássicos no texto descritivo para cada um dos sete fogos.

1-Fogo sacral – O primeiro dos fogos é o fogo sacral, que é classicamente conhecido como ‘porta de entrada para a cauda’. O movimento da energia espiritual ao longo da base da coluna pode parecer muito quente – quase como se o cóccix estivesse queimando. Essa experiência dura apenas um curto período de tempo, pois o fogo começa a despertar. À medida que essa área se abre, pode fazer com que todo o corpo trema violentamente de um lado para o outro. Calor extremo começa a se mover pelos músculos e provavelmente se ficará encharcado de suor enquanto isso acontece.

O fogo sacro governa os aspectos ‘básicos’ da natureza adquirida. Todos os elementos-chave  da vida que atualmente se considera importantes são questionados à medida que esse fogo começa a despertar. Geralmente, eles têm a ver com as crenças que os pais e outros membros da família passaram enquanto se crescia. Coisas como ter uma boa carreira, possuir uma casa grande e ser bem sucedido  são consideradas metas importantes na vida. Ideias sobre como se deve se encaixar na sociedade e buscar constantemente adquirir novas posses foram dadas por outras pessoas. Claro, nenhuma dessas ideias precisa ser concretizada para se ser feliz e realizado na vida. Conforme o fogo sacral começa a despertar, é normal começar a perceber o quão ridículas essas ideias são. Ao longo do processo de despertar, naturalmente se buscará tornar a vida cada vez mais simples para se concentrar no que é realmente importante.

2 – Fogo Ming Men : O fogo Ming Men é classicamente conhecido como ‘fogo Ming’ e está situado na área inferior da coluna, abaixo da segunda vértebra lombar. Conforme a energia espiritual começa a despertar este ponto, o calor aumenta e se move para as costas. Há muito mais tremores e suor quando este ponto é alcançado! Novamente, isso dura apenas um curto período de tempo, pois o processo de despertar começa.

Este fogo está ligado à sua programação emocional. Isso diz respeito às lições recebidas das pessoas ao redor enquanto crescia, da sociedade e da mídia – como se foi ensinado a reagir a estímulos externos. A maioria das pessoas não está ciente de que sua reação emocional ao mundo é amplamente ditada pelo que lhes foi ensinado em tenra idade. O que deixa com raiva, triste, feliz ou stressado é frequentemente herdado das pessoas ao redor. À medida que este fogo começa a despertar, é normal que tudo isso seja questionado.  Portanto a natureza emocional recebe uma revisão. Depois disso o “limiar emocional” fica muito mais alto, o que significa que será preciso muito mais para sentir-se stressado, chateado ou com raiva. As emoções se tornaram um mero processo que será capaz de observar, em vez de algo que governava todos os pensamentos.

3 – Fogo Zhong Shu: O fogo Zhong Shu é classicamente conhecido como o “palácio de terra” e está diretamente ligado ao próprio senso de identidade. Seu despertar vem com uma grande quantidade de pressão energética no centro do seu corpo. Isso pode levar a  arremesar o corpo para trás, empurrando o peito aberto em direção ao céu. Se estiver sentado quando isso acontecer, é bem normal ser jogado para trás no chão. Ao começar, não se surpreenda se começar a chorar ou rir histericamente, pois tudo no senso de identidade começa a desaparecer.

Todo mundo tem uma percepção estabelecida de quem é. Geralmente, isso é desenvolvido por meio das interações com os outros e como eles reagem a nós. Ao longo de nossas vidas, usamos outras pessoas como espelhos para entender quem somos e como o resto do mundo nos percebe. Essa percepção daqueles ao nosso redor então dita como nos percebemos; é assim que desenvolvemos um senso distorcido de si mesmo.

A maioria das pessoas nunca diz o que realmente está pensando; portanto, a maioria das informações refletidas de volta para nós é uma distorção pura. Dessa forma, criamos nosso próprio senso de si mesmo por meio de nossa própria desonestidade. Quando o fogo Zhong Shu começa a despertar, não podemos mais mentir para nós mesmos, pois vemos quem realmente somos. Uma profunda percepção de nossos reais pontos fortes, fracos e motivos surge em nós, o que significa que podemos começar a expressar uma versão mais honesta de quem somos para os outros. Este é um estágio libertador, pois as pessoas que tentam manter seu falso senso de si carregam uma grande tensão.

https://youtube.com/live/g8lLqq3MuT0