Música e som podem ser uma ferramenta muito poderosa de transformação do corpo e da alma humana.

Vamos começar definindo o termo frequência da forma mais simples possível.

Frequência pode ser definida como “o número de ocorrências de uma determinada vibração, ou oscilação, por unidade de tempo”.

Como outras medidas, por exemplo quilometro ou litro, possui uma unidade específica para medi-la, que é chamada de Hertz, abreviação “Hz”.

Assim, 100 Hz significa uma vibração que oscila para cima e para baixo (grosso modo), 100 vezes em um segundo.

Agora vamos falar um pouco do som.

O som é uma vibração mecânica do ar e se  propaga pela movimentação das moléculas de oxigênio. Quanto mais rápida é esta vibração, maior é a frequência. Quanto mais lenta, menor

O espectro de frequências sonoras que um ser humano é capaz de ouvir vai aproximadamente de 20 Hz a 20.000 Hz (ou 20 KHz).

Isso não quer dizer que frequências menores ou maiores do que estas não existam. Animais como as baleias ou até mesmo nossos cães e gatos ouvem um espectro maior do que o nosso.

Outro ponto muito importante é que as ondas sonoras que ouvimos não são puras.

Os sons da natureza, incluindo a nossa voz, não são puros porque são ricos em diferentes frequências.

O canto, seja de um pássaro ou do ser humano, os acordes de um violão ou a melodia de uma flauta são compostos de milhares de diferentes frequências, chamadas harmônicos.

A música é o som organizado.

Em algum momento da história da música ocidental surgiram as notas musicais. Sete notas que todos conhecemos, e que dão origem a todas as músicas que já ouvimos.

Quando essas notas são combinadas de uma certa forma no tempo, surge o ritmo (físico), a melodia (astral), a harmonia (mental), que formam a base de qualquer música.

O ritmo é o pulso, as batidas involuntárias do nosso pé. A melodia é a música que cantamos ou assobiamos. A harmonia é a sensação que a música produz em nós, o que sentimos quando ouvimos.

A música nos afeta de forma significativa. Podemos ficar alegres ou tristes, em suspense ou eufóricos, tudo isso produzido por uma sequencia de sete notas musicais.

A maioria de nós sabe que as notas musicais são: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si.

O que muitos não sabem é que a cada uma delas é atribuída uma frequência.

Isso não é feito de qualquer jeito.

E porque a música precisa de um padrão?

Imaginemos uma orquestra, que é composta de muitos instrumentos musicais diferentes entre si. Violinos, violas, flautas, oboés, piano, gongos, entre outros.

A pergunta é: existe um padrão de afinação para a orquestra como um todo? Ou cada um pode afinar o seu instrumento da forma que desejar?

Você certamente já percebeu que antes da apresentação os músicos da orquestra começam a tocar seus instrumentos de uma forma estranha, como que querendo chegar a algum lugar. É nesse momento que cada um está afinando o seu instrumento.

E para isso precisam de um padrão.

Do contrário, nossa experiência auditiva não seria boa. A música não soaria bem aos nossos ouvidos.

O padrão pode ser qualquer um, mas é vital que seja o mesmo para todos os componentes da orquestra.

Esse padrão existe, e atualmente é definido como a nota Lá igual a frequência de 440 Hz.

Mas porque não 442 Hz ou 439 Hz ou qualquer outra frequência?

Ora, assim como em algum momento alguém definiu quanto é um litro de água, ou um quilometro, dessa mesma forma alguém (nesse caso uma entidade) definiu esse padrão na música.

Na verdade, ao longo dos séculos esse padrão mudou muitas vezes, a ainda hoje está longe de ser um consenso. Muitas orquestras ao redor do mundo tocam em afinações diferentes do Lá=440.

Apesar disso, a maioria absoluta das músicas que ouvimos estão afinadas nesse padrão.

Agora vem a pergunta qual o proposito da musica?

Acreditava Bach, que a música se faz para a glória de Deus e o aprimoramento do homem. Acreditaram todos os grandes compositores clássicos, que a sua arte deve ser consagrada à elevação espiritual da sociedade.

Tais conceitos não podem estar contidos na mente que exclui a possibilidade da dimensão espiritual  da realidade, com suas mís­ticas implicações.

É verdade que muitos, a maioria até, dos compositores do século XX afirmaram ter alguma forma de crença espiritual, e incluíram às vezes, supostamente, elementos místicos em sua música; mas tais “crenças”, têm tendido habitualmente a ser vagas, aguadas e confusas; têm sido, na maior parte, um rigoroso meio-termo de autênticos princípios religiosos e morais e, às vezes, até uma impostura. Procede­ríamos com acerto ignorando as palavras ditas pro forma por esses compo­sitores, e fazendo-nos crer que eles continuam a ser, a despeito de toda a sua postura intelectual, ateus e reducionistas.

Assim, para que meta imaginam eles estar sendo dirigida a sua arte? Constata-se, de forma inevitável, que são substancialmente falhas quaisquer sugestões relativas ao propósito da música até dos mais bem intencionados e humanitários materialistas. Teóricos que se aprofundaram no estudo da biologia, por exemplo, têm afirmado, frequentemente, que toda música é uma imitação de gritos de animais. Se bem procedesse de maneira mais tentativa, o próprio Charles Darwin sugeriu que os tons e o ritmo musicais tiveram origem no momento em que os semi-humanos progenitores do homem desenvolveram os sons com o objetivo de atrair uma companheira e a ritualizar o processo do namoro. Darwin acreditava que, se as coisas se passaram desse modo, daí vem também a razão por que o homem ainda gosta de música e a acha bonita até hoje. Darwin esta dizendo que apreciamos e aclamamos a Nona Sinfonia de Beethoven porque ela nos recorda o sexo e a corte feita às peludas bel­dades de muitas eras atrás.

Chefe de um projeto em curso no Instituto de Tecnologia de Massachusetts para investigar a música do computador, e pioneiro das pes­quisas levadas a efeito no campo da inteligência artificial, Marvin Minsky aventa um tema mais recente. Acredita Minsky que ,o propósito da mú­sica talvez seja “relaxar o cérebro”. O que, admitamos, representa um progresso em relação à hipótese darwiniana. À primeira vista, a ideia até parece aceitável; não utilizamos todos nós a música “para relaxar o cérebro” de vez em quando? Mas a hipótese — compartilhada por muitos, além de Minsky é materialista em dois pontos.

Primeiro note-se o emprego da palavra “cérebro”. A implicação é obviamente contrária ao ponto de vista espiritual, para o qual o ser humano inclui, mas também transcende, o cérebro físico. Para o materialista, contudo, vocês e eu não passamos de robôs biológicos. Minsky e seus amigos estão se aprontando para relaxar-nos os cérebros implantando-nos eletrodos nos antebraços.

Em segundo lugar, será o propósito da música apenas relaxar-nos? Essa ideia, por certo, é cheia de furos. Somos acaso relaxados – pela música incidental de um filme de suspense, repleto de ação? Os afeiçoados do futebol cantam — para relaxar?

A boa música tem por escopo expandir-nos a consciência, e uma atividade dessa natureza exige de nós tanto um estado de relaxamento quanto uma atitude precisa de tensão criativa.

Parece que a ideia de ser o propósito da música “relaxar-nos” ocorre à mente fechada na filosofia  simplesmente porque este suposto propósito da música é o mais construtivo de quantos pode conceber uma mente assim.

A transformação teórica da música num agente de “relaxamento para o cérebro” é um sinal dos tempos. Vivemos num século em que até a mais profunda das práticas espirituais, como a meditação, é vista frequentemente por esse prisma materialista.

A meditação, descrita há milênios pelos autores dos Upanishads como “o conhecimento do Eu puro e imor­tal … pura consciência unitária, paz inefável, supremo bem … unidade com a luz que está no Sol, libertação do mal, ascensão à morada de Deus… transcendência da consciência física”, é avaliada pelos cientistas modernos de acordo com a capacidade que tem o cérebro do meditador de acionar uma agulha na gravação de um eletroencefalograma.

Os “gurus” auto-aclamados do século XX, como o Maharishi Mahesh logue da MT (Medi­tação Transcendental), anunciam técnicas de “meditação” capazes de satisfazer às necessidades do homem no mundo moderno, ajudando-o a “aliviar-se da tensão” e, naturalmente, a “relaxar-se”.

Em adição ao que podemos denominar a “teoria da relaxação” da música existem outras ideias  de que o propósito da música é “entreter” ou de que a função da música é proporcionar “uma catarse emocional”.

Outro conceito falho desse tipo fornece a pedra fundamental da música de Stephen Halpern entre outros.

Halpern está ligado, no espírito de muita gente, ao movimento da Nova Era a crença geral em que, quanto mais nos aprofundarmos na época de Aquário, tanto mais se manifestará, progressivamente, um novo tempo de fraternidade, paz e espiritualidade. Entretanto, não se pode pôr de lado, por considerá-lo sem importância, o fato de que o movimento da Nova Era, a despeito de todas as suas altas esperanças místicas e seus louváveis valores morais, até agora aderiu quase que exclusivamente música das direções horizonta  e até descendente

E qual é o propósito da música para Stephen Halpern? Em todas as suas palestras e escritos surge o mesmo critério pelo qual, ao que parece, toda música há de ser julgada: o de que ela deve ser “curativa”. Uma ideia tampouco desprezível à primeira vista. Entretanto, o termo “cura­tivo”, tal como é usado e compreendido por muita gente, está frequentemente tão longe do sentido genuíno da palavra quanto a “paz” do Kremlin ou o “amor” dos sexualmente permissivos. Para Halpern, “curativo” significa lenitivo e pacificante; música para acalmar-nos — sim, para “re­laxar-nos” — depois de um dia afanoso no escritório. Tudo muito parecido com as linhas de uma MT musical.

Uma definição mais ampla e aceitável de “música curativa” incluiria a arte tonal que ajuda a perfeiçoar e conciliar a totalidade do ser humano. Nesse sentido, a música clássica e toda música autenticamente boa é, sem dúvida, curativa: curativa no mais verdadeiro e pleno sentido da palavra, como um harmonizador e aprimorador de cada aspecto do ser humano físico, emocional, mental e espiritual.

Em suas palestras, todavia, Halpern nunca pareceu particularmente entusiasmado pela música clássica. Afinal de contas, obras como a tremenda Pompa e Circunstância de Elgar ou a Aida de Verdi dificilmente se poderão considerar “curativas” no sentido de uma soporífera música-maconha (como é a obra dos pre­tensos músicos da Nova Era). Sobre ser simultaneamente inspirativa e espiritual, a música clássica, de ordinário, é muito exigente do ponto de vista intelectual para poder ser plenamente absorvida. O ouvinte tem de ser ativo, não passivo.

Se um tempo novo e melhor aguarda a humanidade, sua manifes­tação bem-sucedida requererá, de certo, homens e mulheres de espirituali­dade verdadeira o que quer dizer, homens e mulheres de coração místico e espirito prático ao mesmo tempo. Intelectos ativos e capazes serão essenciais.

Não precisaremos ser muito previdentes para compreender que o planeta Terra nunca se aperfeiçoará se permanecer sentado numa nuvem de incenso ou se adormecer sob o efeito de uma massagem acústica eletrônica.

Será, pois, a música de Stephen Halpern, Steve Hillage e outros realmente a música da Nova Era, capaz de elevar nossos corações e inspirar-lhes o altruísmo? De organizar divinamente nossos espíritos? De obrigar-nos a despertar para os desafios da hora no mundo todo, como há de fazê-lo, direta ou indiretamente, toda música autêntica da Nova Era? Não, quando é um caos impulsivo de jazz. Não, quando é super eletrônica e divorciada dos sentimentos humanos. Não, quando não passa de uma névoa sintética de miasma psicodélico, como acontece amiúde.