É uma parte importante do taoísmo que consciência, energia e matéria sejam mutuamente dependentes umas das outras. Entendidos por meio das interações dos San Bao, os taoístas viram que cada um tinha a capacidade de se transformar no outro, mais uma vez se conformando à regra da mudança que permeia o universo.
Cada um desses três também deve estar enraizado no outro, o que significa que a consciência deve estar enraizada na energia, que deve estar enraizada no reino físico e vice-versa. Como três frequências sobrepostas, cada uma existe no mesmo lugar ao mesmo tempo. Como o tempo é uma forma de energia, ele deve estar enraizado em algo físico e, para os antigos taoístas, isso estava dentro dos tecidos de nosso corpo físico. Nosso corpo manifesta a passage da energia do tempo ao longo de nosso Ming fazendo com que envelheçamos e nos desenvolvamos. Eles acreditavam que uma qualidade excessivamente ativa no processo de mudança que ocorre em nosso Ming nos faria envelhecer mais rapidamente, pois ele se tornaria mais Yang por natureza. Quanto mais Yin e gentil pudéssemos tornar nosso relacionamento com o processo de mudança que ocorre em nosso Ming, mais lentamente envelheceríamos. Essa verdade pode ser vista nos processos corporais que tomam conta das pessoas quando elas estão passando por períodos de grande stress em suas vidas. A dificuldade do fluxo de seu Ming, ou melhor, sua reação a esse fluxo, leva ao cabelo grisalho, à formação de rugas e ao esgotamento dos níveis de energia.
Curiosamente, quando os oito símbolos-chave do Pa Kua são combinados nos 64 hexagramas e mapeados em um círculo como mostrado na Figura adiante, eles correspondem ao layout dos 64 códons (Na genética molecular, um codão ou códon é uma sequência de três bases nitrogenadas de RNA mensageiro que codificam um determinado aminoácido, ou indicam o ponto de início ou fim de tradução da cadeia de RNAm; onde cada conjunto de três bases consecutivas é responsável pela codificação de um aminoácido) formados a partir dos oito aminoácidos-chave (Aminoácidos essenciais: triptofano, valina, fenilalanina, treonina, lisina, isoleucina, leucina, metionina. Aminoácidos não essenciais: alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico, ácido glutâmico, cisteína, glutamina, glicina, prolina, serina, tirosina e a histidina.) que compõem nosso DNA. Veja as semelhanças mostradas na Figura adiante
As cadeias de DNA estudadas nas ciências biológicas modernas seriam uma parte da essência humana de acordo com as antigas ciências médicas taoístas, o que significa que a passagem do tempo, que é uma forma de energia, está enraizada em nossas cadeias de DNA. É particularmente pertinente ver que os filamentos de DNA giram em torno um do outro, como a energia espiritual que sobe através do sistema de meridianos quando certos níveis são alcançados através do estudo de artes internas,. Essa espiral se ilumina pois forma uma espécie de transmissor para a energia que passa por ela. Em estágios posteriores, todo o corpo pode ser visto brilhando com uma luz branca, e acredito que os fios individuais do DNA do corpo estão replicando esse processo e transmitindo uma forma particular de energia espiritual que só pode ser desenvolvida em níveis extremamente altos, níveis de despertar espiritual. Este pode ser o mecanismo raiz por trás de tais fenômenos como o bem documentado ‘corpo de arco-íris’ do Tibete ou ‘corpo de diamante’ do taoísmo.
Por meio desses ensinamentos do I Ching, que conectam a energia do tempo com a consciência e a fisicalidade, obtemos uma visão de como o I Ching pode ser usado medicinalmente. Se formos capazes de mudar a maneira como um ponto no tempo está se desenrolando, seremos capazes de ajustar o fluxo energético daquele momento específico, o que terá um efeito direto tanto em nossa mente quanto em nosso corpo físico. Mudando a natureza de nosso Ming, podemos mudar a natureza de nosso próprio ser.
Recapitulando na figura abaixo vemos o desenvolvimento do yin e do yang desde o Tai Chi até os oito trigramas do céu, lago, fogo, trovão, vento, água, montanha e terra.
Os 64 hexagramas são as combinações 8×8 dos trigramas. Os quatro hexagramas básicos do I Ching podem ser vistos na próxima figura.
Estes quatro são o núcleo dos restantes 60 e dão-nos a base para todas as situações. Eles descrevem tudo, ou as dez mil coisas. Se olharmos para trás, para a imagem do Homem entre o céu e a terra, esta é a teoria completa, com I Ching Astrologia e Feng Shui decorrentes disso. Mas saiba que o conhecimento contido no livro é profundo e pode levar uma vida inteira para ser dominado. A dificuldade está na compreensão de cada hexagrama, pois muitas vezes a informação e explicação é apenas um exemplo de sua interpretação. Cada um dos hexagramas deve ser adaptável a qualquer situação que queiramos observar – desde trabalho e dinheiro até relacionamentos, entre muitas outras coisas.
Então, destas 64 coisas, somos capazes de explicar tudo.
Uma percepção alcançada por toda grande tradição espiritual era que o próprio cosmos era consciente; mais do que isso, é a consciência. Esta profunda compreensão da natureza dos Céus foi aceita por todas as antigas tradições de sabedoria, sem exceção; a única divisão veio com relação a como cada tradição percebia a existência dessa consciência universal. Embora os ensinamentos originais possam ter apontado para uma abordagem mais etérea para discutir a natureza da consciência que permeia toda a vida, gerações sucessivas acrescentaram sua própria interpretação personificada dos ensinamentos e, assim, deuses e divindades foram criados. Agora que essa consciência assumiu uma forma humanística, ela poderia ser adorada como algo existente separado do reino do homem e assim surgiram as religiões. Como cada religião acreditava que sua versão da consciência personificada era a única verdade, o conflito abundava e a divisão no nível da mente adquirida foi criada.
O taoísmo assumiu uma postura diferente e simplesmente afirmou que a consciência do cosmos não poderia ser descrita, discutida ou compreendida. Certamente não era para ser personificado porque estava além das limitações da forma. Mais tarde, mais uma vez, os ensinamentos do taoísmo foram distorcidos e a religião do taoísmo foi criada, que incluía todo um panteão de deuses a serem adorados por seus seguidores.
Originalmente, este não era o caso e, ao invés de ser uma entidade separada da humanidade, a consciência era uma parte integrante dela que poderia ser acessada dentro de cada pessoa na Terra, dado o treinamento certo. A razão para isso foi a mesma regra que rege muitas áreas da tradição taoísta. Espírito ou consciência tem que estar enraizado na energia que tem que estar enraizada na forma. Se existe uma única consciência que governa os movimentos do universo e tudo dentro dele, então ela também deve fazer parte de cada forma única que existe como parte desse universo. Essa linha de pensamento levou os taoístas à conclusão de que a consciência residia em cada coisa que existe entre os reinos do Céu e da Terra, e essa consciência é mais uma vez uma pequena parte da consciência maior que governa tudo.
Como células individuais que compõem um organismo maior, é a consciência dentro de cada um de nós que compõe o espírito maior da existência. O mais próximo que podemos chegar da frequência na qual a consciência existe é a frequência de Shen. Este é o mais refinado dos ‘três tesouros’ de Jing, Chi e Shen que compõem cada um de nós. Nosso Shen nos conecta de volta à grande consciência coletiva se formos capazes de entender como cultivá-la e acessá-la suficientemente. É uma conexão bidirecional com a divindade que originalmente deu origem à existência. Isso é mostrado na figura abaixo.
Como mostrado na imagem, a consciência universal se divide em partes individuais quando se torna a humanidade. O Shen coletivo do cosmos torna-se o Shen individual de cada criatura viva na Terra, que então gera a energia individual, ou Chi, de cada criatura viva. O espírito e a energia que se dividiram neste estágio são então enraizados nas formas físicas individuais nascidas de nosso Jing. Desta forma, a consciência universal se enraíza em cada única forma de vida individualizada no planeta. Aqueles que se identificam falsamente apenas com o reino físico, acessado por meio de seus próprios cinco sentidos, sempre perceberão apenas a manifestação individualista da realidade. Aqueles capazes de ir fundo o suficiente no núcleo de sua consciência conseguirão dissolver sua conexão com a forma física e perceber a verdade de nossa interconectividade no nível do espírito original. Este é o processo inerente a todas as grandes tradições espirituais, mesmo que essa mensagem tenha se perdido ao longo da linha em algum lugar. I Ching é uma ferramenta para ajudar a cultivar a mente em direção a esse mesmo lugar. Este é um conceito importante para entender os processos de pensamento por trás do desenvolvimento e uso do I Ching. É por causa dessa conexão com a consciência do universo que somos capazes de fazer o I Ching funcionar no que diz respeito às suas aplicações em adivinhação, astrologia, medicina e assim por diante.
Os taoístas acreditam que o caminho de nosso Ming é simplesmente uma manifestação dos movimentos e redemoinhos da consciência divina. A consciência do universo está simplesmente experimentando a si mesma por meio de nossas formas físicas. Desta forma, tem uma influência direta em todos os aspectos de nossa existência. Essa influência pode ser lida e compreendida se formos capazes de ler os sinais dela ocorrendo ao nosso redor. Esses sinais são a maneira pela qual o universo se comunica conosco. Podemos perceber um longo fascínio pelo estudo dos sinais de comunicação que nos são dados pelo universo quando examinamos os papéis dos homens e mulheres sábios nas culturas antigas. Tão longe quanto história está registrada, cada tribo tinha uma pessoa ou pessoas que assumiam o papel de comunicar os sinais que o universo estava dando ao restante da tribo. Esses místicos procuravam presságios e sinais mostrando quando o momento mais auspicioso era caçar ou casar. Por meio de observações do clima, padrões no céu, aparecimento de animais raros e uma infinidade de outros métodos, a linguagem da consciência universal foi explorada e interpretada. Ficou claro por meio desse processo que não existiam eventos aleatórios e que cada coisa que acontecia no universo fazia parte de um grande esquema, um padrão que se desenvolvia além da vida de qualquer indivíduo. Essa falta de eventos aleatórioselimina a existência de coincidências, encontros casuais, sorte e qualquer outroconceito que sirva para negar a existência de uma consciência universal. Namaioria das vezes, toda cultura manteve essa visão e, na verdade, é um fenômeno moderno negar o significado por trás dos eventos que ocorrem emnossa vida. Se não há chance aleatória, então há apenas um evento que estimula a geração de outro evento e assim por diante. Causa e efeito causam o desenrolar da passagem de Ming e a passagem do tempo.
Agora que vimos como as coisas estão interligadas, devemos compreender que esta é apenas uma breve visão geral. Quando se trata de I Ching, Astrologia, Feng Shui e praticas taoistas. Eles precisam ser tratados separadamente.