No nosso ultimo encontro  mencionamos o uso do I Ching e dos hexagramas para o diagnostico. Me foi perguntado  como isso seria feito. Não vou aprofundar no assunto mas passar os fundamentos no qual ele se baseia. Assim temos:

A Linha 6 representa a Cabeça

A Linha 5 os Ombros

A Linha 4 o Tronco

A Linha 3 as Coxas

A Linha 2 as Tíbias

A Linha 1 os Pés

         Se considerada num sentido totalmente literal, semelhante equação das partes do corpo com as linhas dos hexagramas é a base também de uma relação entre o I Ching e um completo sistema de artes marciais como o Tai Chi e outras por nos já citadas.

Uma outra informação muito importante é que o  Chi  ou  a energia interna flui durante o curso do dia. Estas flutuações no Chi do Yin e do Yang e no Chi dos 5 elementos (os quais governam vários órgãos) pode ser determinada pêlos hexagramas do I Ching, o qual reflete as 12  horas  do  dia  chinês.  Os  processos  de alimentação, excreção, e a temperatura do  corpo  são  reguladas pelas habilidade  do  corpo  para  responder  as  micropulsações destes campos de energia sutil. Pôr exemplo, das 3 as 5 da manhã a temperatura do corpo cai para o seu mais baixo nível, a batida do coração é mais lenta e os níveis hormonais são reduzidos.  Ao contrario das 5 as 8 da noite, o corpo usualmente chega  ao  seu pico mais alto. O relógio de trabalho natural pode ser  alterado pela ingestão de comida, bebida e drogas ou  pôr  um  padrão  de sono irregular.                                                  

Para o corpo estar em harmonia, as energias Yin e Yang e os 5 elementos precisam estar em equilíbrio. Os processos  para  se obter esta harmonia  tem  sido  lembrados  nos  livros  taoístas escritos com metáforas dos princípios cosmológicos.  Com  o  uso dos trigramas  do  I  Ching  e  o  jargão  dos  termos  técnicos taoístas, os processos do  trabalho  de desenvolvimento  interno foram ocultos.

No estágio final da criação, ficamos com oito símbolos-chave que representam oito formas de Chi – informação energética. Esta informação energética assume a forma de uma onda que estabelece a raiz energética para um evento ou ocorrência dentro do cosmos. Cada ação que ocorre entre os reinos do Céu e da Terra depende dos movimentos de mudança dessas oito energias principais e de como elas se sobrepõem. Os oito símbolos nos dão a natureza da existência e, então, quando combinados, obtemos a natureza do tempo e a maneira como ele passa.

Vamos falar um pouco de cada um desses simbolos

OS OITO TRIGRAMAS E SEUS ATRIBUTOS

CH’IEN – CÉU

K’UN – TERRA

CHÊN – TROVÃO

K’AN – ÁGUA

KÊN – MONTANHA

SUN – VENTO

LI – FOGO

TUI – LAGO

Para os antigos taoístas, tempo, energia e forma eram essencialmente um e o mesmo; um não poderia existir separado dos outros dois.

A maneira diferente pela qual o tempo pode existir é exemplificada nas duas forças principais do Yin e do Yang.

Quando lançamos o I Ching e criamos dois hexagramas, estamos essencialmente obtendo uma representação esquemática da maneira como a energia/ informação está se desdobrando em qualquer ponto no tempo. O hexagrama mostra uma imagem de seis partes do tempo, desdobrando-se do passado até o momento presente e, em seguida, para o futuro. Este processo do passado para o futuro é lido da base do hexagrama até o topo do hexagrama, com o ponto central sendo a natureza do momento presente sendo explorado. Cada parte individual do desdobramento do processo é indicada com uma linha individual que é Yin (interrompida) ou Yang (sólida). Yin representa uma desaceleração do movimento de tempo e energia, enquanto Yang mostra a  aceleração de tempo e energia. É uma faceta importante da filosofia taoísta que o tempo não é uma entidade fixa que não pode mudar; é algo que está constantemente em estado de fluxo. O tempo e a mudança podem acelerar ou desacelerar, dependendo de sua natureza e da maneira como interagimos com eles. Isso ocorre porque o tempo é simplesmente uma forma de energia para os taoístas, e a energia deve ser Yin ou Yang. O tempo só existe, junto com a energia e a matéria, por causa do elemento da consciência. É o envolvimento da consciência em um determinado momento que começa a mudar a maneira como o tempo se desenrola. Sem consciência não haveria tempo, o que por sua vez significa que não haveria energia ou mesmo matéria. A própria existência depende do envolvimento da mente. Isso dá à pessoa disposta a participar ativamente do desenrolar de um evento por meio do estudo da natureza da passagem da energia/tempo muito poder, porque ela tem o potencial de modificá-la. Esta foi a principal razão para o uso adquirido do I Ching.

Uma qualidade Yin para um momento do tempo mostra uma desaceleração em direção à quietude, enquanto um movimento Yang mostra uma mudança de marcha. INteressante que, os antigos taoístas afirmavam que o Yang estava mais próximo da energia do Céu e tinha um movimento ascendente, enquanto o Yin estava mais próximo da Terra e envolvia um afundamento de energia em direção ao planeta. Isso significa que o tempo se move mais lentamente quando está ligado ao planeta e mais rápido quando está se afastando do planeta para os céus. Os cientistas também estão descobrindo o mesmo. O tempo depende muito da força dos campos gravitacionais, bem como da velocidade com que algo está viajando. Essencialmente, isso significa que uma pessoa que vive perto da atração gravitacional da Terra envelheceria muito mais lentamente do que uma pessoa que vivia mais longe do planeta. Descobertas científicas de ponta geralmente se deparam com conceitos há muito compreendidos pelos povos “primitivos” do mundo antigo. O taoísmo vai um passo além e afirma que aqueles capazes de se envolver com o passar do tempo descobrirão que ele se move mais lentamente se a atividade mental da mente for desacelerada. Quanto mais nos aproximarmos da quietude, mais lentamente o tempo passará para nós – uma percepção que permitiu que taoístas de alto nível entrassem em estados de completa estase por longos períodos de tempo e demonstrassem grandes feitos de longevidade.

Quando os Pa Kua combinam entre si, eles nos dão as várias propriedades diferentes da passagem do tempo. Essas diferentes propriedades são representadas pelos símbolos mostrados adiante que são os 64 hexagramas do I Ching.

Esses 64 símbolos mostram as diferentes maneiras pelas quais o tempo pode se desdobrar ao longo de um evento. Eles mostram as diferentes maneiras pelas quais o passado pode se transformar no presente, o que gera um resultado futuro.

Mostra todas as possíveis interações de Yin e Yang, os quatro grandes poderes e o Pa Kua. Em suma, é uma janela abrangente para a natureza da existência e como a estamos experimentando em um determinado momento. Contida em cadaum dos hexagramas está a profunda lição de que, embora estejamos estudando a passagem do tempo e como o passado pode gerar um resultado futuro, na verdade não há tempo. Existe passado ou futuro, e existe apenas uma sequência em evolução contínua de momentos presentes dentro dos quais estamos vivendo. É a nossa mente que cria a ilusão da passagem do tempo porque ela nos faz nos apegar a eventos passados ou ansiar por resultados futuros. Cada uma das seis linhas de qualquer hexagrama representa um desses momentos presentes que é, em essência, apenas de natureza Yin ou Yang. Esta é a natureza última de tudo. Quando vemos todos esses momentos individuais como uma ilusão da passage do tempo, essa ideia de tudo ser puro Yin ou Yang se perde em um borrão; isso é mostrado pelos vários símbolos combinados compostos por várias linhas. Obter insight divino em nossa vida geralmente requer que sejamos capazes de deslizar para a quietude mental, de modo que a passagem do tempo se dissolva à frente de nós, deixando-nos apenas com uma experiência do momento presente. Essa verdade é muitas vezes representada esquematicamente por um hexagrama situado dentro de um círculo, conforme mostrado na proxima imagem.

Cada uma das seis linhas neste símbolo representa um único momento no tempo, enquanto o círculo contendo as seis linhas representa a quietude do Wuji. Entre cada momento existe uma quietude completa, se pudermos acessá-la.

É a atividade confusa de nossa própria mente que perturba essa quietude e confunde os momentos individuais na ilusão da passagem do tempo.

Embora as tradições de sabedoria do Oriente afirmem que o próprio tempo é uma ilusão e que a natureza da existência é, em última análise, a vacuidade, elas não afirmam que acreditar no contrário é negativo. Embora a passagem do tempo e a existência do reino físico sejam uma falsidade criada em nossa própria mente, é uma ilusão útil. Permite-nos viver, levar a cabo a nossa vida, ter experiências e interagir com os outros. A ilusão é um ótimo lugar para existir para a maioria das pessoas, embora tenha seus altos e baixos. A visão taoísta é que é esse mundo falso que nos permite aprender lições e desenvolver nosso eu interior; só se torna um problema quando ficamos muito presos a ele e se torna nosso único foco. Quando a falsa realidade deixa de ser uma série de experiências para promover nosso próprio desenvolvimento interno, podemos começar a nos mover suavemente ao longo do caminho de nosso Ming.

A passagem do tempo e os eventos que ocorrem dentro desta linha são conhecidos como nosso Ming no Taoísmo.

Freqüentemente, essa palavra é traduzida como significando nosso ‘destino’, mas isso está um pouco fora do que de fato é.

Nosso Ming é a natureza do curso de nossa existência à medida que avançamos do nascimento à morte. É a natureza do fluxo e refluxo das energias e eventos que experiênciamos enquanto nos movemos ao longo desta linha. De acordo com o taoísmo, alguns de nossos Ming são muito definidos, pois são as experiências consideradas úteis para termos de acordo com a vontade divina do Céu. Outros eventos são de natureza fluida e serão difíceis ou fáceis para nós, dependendo de quão bem conseguimos fluir junto com o curso natural do Ming. Se resistirmos ao que está acontecendo conosco, esses eventos podem ser difíceis, pois tentamos impor nossa própria vontade sobre a vontade do Céu.

Se quiséssemos representar a passagem do tempo ao longo da linha do nosso Ming, poderíamos mostrá-lo esquematicamente como na figura seguinte.