
– A via da concentração
Ao descrever a via da concentração, o Visuddhimagga padece de uma grave falha: começa com a descrição de um avançado estado alterado, que muitos ou a maioria dos meditadores podem jamais vir a vivenciar. Ele passa por cima das etapas preliminares ordinárias – e muito mais comuns. Essa lacuna pode ser preenchida com outras fontes budistas, que começam com o estado de mente normal do meditador em vez de com os estados muito raros que o Visuddhimagga descreve com detalhes.
No início, o foco do meditador distrai-se do objeto de meditação. Ao notar que está se distraindo, ele redireciona sua consciência para o foco apropriado. Sua unidirecionalidade é ocasional, vindo intermitentemente. Sua mente oscila entre o objeto de meditação e pensamentos, sentimentos e sensações dispersivos. O primeiro sinal da concentração vem quando a mente do meditador não é afetada nem pelas distrações externas, com os sons circundantes, nem pela turbulência de seus próprios pensamentos e sentimentos variados. Embora os sons sejam ouvidos, e seus pensamentos e sentimentos sejam notados, eles não perturbam o meditador.
Na próxima etapa, sua mente concentra-se no objeto por períodos prolongados. O meditador se aprimora na medida em que repetidamente redireciona sua mente perambulante para o objeto. Sua habilidade em redirecionar a atenção gradualmente aumenta na proporção em que o meditador vê os maus resultados das distrações (por exemplo, agitação) e sente as vantagens de uma calma unidirecionalidade. Quando isso acontece, o meditador é capaz de superar hábitos mentais antagônicos ao recolhimento calmo, como o tédio devido à sede de novidade. A mente do meditador pode agora permanecer concentrada por longos períodos.
– A um passo da absorção
Nas primeiras etapas da meditação, há uma tensão entre concentração no objeto da meditação e pensamentos dispersivos. As principais distrações são os desejos sensuais; má vontade, desespero e ira; preguiça e torpor; agitação e preocupação; e dúvida e ceticismo. Com muita prática, chega um momento em que esses obstáculos são totalmente superados. Há então uma notável aceleração da concentração. Nesse momento, os atributos mentais, como a unidirecionalidade e a beatitude, que amadurecerão em absorção total simultaneamente, passam a dominar. Cada um esteve presente anteriormente em diferentes graus, mas quando vêm ambos de uma vez têm um poder especial. Esse é o primeiro êxito digno de nota na meditação concentrativa; por ser o estado que beira a absorção total, ele é chamado concentração “acesso”.
Esse estado de concentração é como uma criança ainda incapaz de ficar de pé firmemente, mas que não pára de tentar. Os fatores mentais da absorção total não estão fortes no nível de acesso; sua emergência é precária, e a mente flutua entre eles e seu discurso interior, as ruminações usuais e pensamentos dispersivos. O meditador ainda está aberto aos seus sentidos e permanece consciente dos ruídos circundantes e dos sentimentos de seu corpo. O tema de meditação é um pensamento dominante, mas ainda não ocupa totalmente a mente. Nesse nível de acesso, fortes sensações de enlevo ou arrebatamento emergem, junto com alegria, prazer e serenidade. Há também uma atenção fugaz ao tema de meditação como que se chocando com ele, ou um foco mais sustentado sobre ele, notando-o repetidamente. Às vezes, há formas luminosas ou lampejos de luz brilhante, especialmente se o tema de meditação é uma kasina ou a respiração. Pode haver também uma sensação de leveza, como se o corpo estivesse flutuando no ar. A concentração-acesso é um êxito precário. Se não for consolidada em absorção mais completa na mesma sessão, terá de ser protegida entre as sessões, evitando-se as ações ou encontros dispersivos.
– Visões
Podem ocorrer experiências visionárias no limiar desse nível, quando fatores como o arrebatamento amadureceram, mas o pensamento discursivo continua, e enquanto um foco sustentado sobre o objeto de concentração permanecer fraco. Se a concentração sustentada alcançar força total, os processos mentais necessários para visões serão podados na medida em que a atenção permanecer no objeto primeiro. O acesso e os níveis mais profundos de absorção são, por esse motivo, contrários a visões, mas quando o nível de acesso se aproxima (ou ao se emergir da absorção mais profunda) as visões tornam-se mais prováveis. As visões podem ser assustadoras – uma imagem de si mesmo como cadáver, por exemplo, ou a forma de uma fera ameaçadora e terrível – ou totalmente benignas, como a figura de uma divindade benévola ou um Buda. As visões meditativas são bastante vívidas; o Visuddhimagga diz que elas são tão realistas quanto conversar com um visitante que chega a nossa casa. Pessoas tímidas ou ansiosas que têm uma visão terrificante – alerta-se – podem ficar loucas. Outro perigo para o meditador é ficar extasiado com visões beatíficas e assim interromper progressos maiores ao fazer delas a meta da meditação, fracassando em fortalecer mais a concentração. A meta do meditador está além das visões. Diz-se no Zen: “Se tu encontrares o Buda mata-o“.
– Absorções totais ou Dhyana
Concentrando-se continuamente no objeto de meditação, chega o primeiro momento que marca uma ruptura total com a consciência normal. É a absorção total ou Dhyana. A mente parece subitamente afundar no objeto e permanece fixada nele. Pensamentos estorvantes cessam totalmente. Não há nem percepção sensorial nem a costumeira consciência do corpo; a dor corporal não pode ser sentida. Além da atenção inicial e sustentada ao objeto primeiro, a consciência é dominada pelo êxtase, pela beatitude e pela unidirecionalidade. Esses são os fatores mentais que, quando em ascendência simultânea, constituem o Dhyana.
Há uma sutil distinção entre êxtase e beatitude. O êxtase, no nível do primeiro Dhyana, é comparado ao prazer ou à excitação inicial de se alcançar um objeto há muito buscado; a beatitude é o gozo desse objeto. O êxtase pode ser experimentado como o eriçamento dos cabelos no corpo, como uma alegria momentânea que cintila e desaparece como faísca, como ondas que se derramam através do corpo repetidamente, como a sensação de levitação, ou como imersão numa arrebatadora felicidade. A beatitude é um estado mais controlado de êxtase contínuo. A fixação num único objeto é própria da mente que se centra no estado dhyânico. O primeiro sabor do Dhyana dura um breve momento, mas com esforços continuados o estado dhyânico pode ser mantido por intervalos cada vez mais longos. Até ser controlado, o Dhyana é instável e pode ser facilmente perdido. O controle total ocorre quando o meditador consegue atingir o Dhyana quando, onde, tão logo e tanto quanto queira.
– Dhyanas mais profundos
No curso da meditação, a unidirecionalidade torna-se cada vez mais intensa pela sucessiva eliminação dos fatores dhyânicos. A unidirecionalidade absorve a energia investida nos outros fatores e em cada nível dhyânico mais profundo (tabela seguinte).

Tornar-se ainda mais fixado após o domínio do primeiro Dhyana é algo que requer eliminar o redirecionamento inicial e repetido da mente ao objeto de meditação. Após emergir do estado dhyânico, esses processos de atenção parecem grosseiros em comparação com os outros fatores mentais mais sutis do Dhyana. Assim como os obstáculos foram superados no caminho para o nível de acesso, e assim como os pensamentos foram acalmados para atingir o primeiro Dhyana, a atenção inicial e repetida ao primeiro objeto é abandonada no limiar do segundo Dhyana. Para ir além desse tipo de atenção, o meditador entra no primeiro Dhyanafocalizando o primeiro objeto. Mas então ele libera a mente de qualquer pensamento do objeto, dirigindo em vez disso sua mente para o êxtase, a beatitude e a unidirecionalidade. Esse nível de absorção é mais sutil e estável que o primeiro. A mente do meditador está agora totalmente livre de quaisquer pensamentos verbais, mesmo dos do primeiro objeto. Somente uma imagem refletida do objeto permanece como o foco da unidirecionalidade.
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Meditação Pratica 1 – Relaxamento