Meditação: Um Mapa para o Espaço Interior – Programa 29 05 23

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O VISUDDHIMAGGA

Um Mapa para o Espaço Interior

O Visuddhimagga foi durante séculos parte de um manual oral de filosofia e psicologia budista que os monges aspiran­tes memorizavam ipsis litteris. Por ser tão detalhado e completo, o Visuddhimagga nos dá um quadro abrangente de um único ponto de vista a respeito da meditação.

Ele é derivado do clássico budista Abhidhamma (É o terceiro pitaka do Tripitaka, o cânone do Budismo Theravada literalmente “Ensino dos Sábios” ou “Doutrina dos Anciãos”, é a mais antiga escola budista. Foi fundada na Índia. Relativamente conservadora, é a escola que mais se aproxima do início do budismo, e por muitos séculos foi a religião predominante na maioria dos países continentais do Sudeste Asiático. Contém comentários aos dois outros pitakas e é dividido em sete seções:

Dhammasangani (“Enumeração dos Fenômenos”).

Vibhanga (exposição – “O Livro dos Tratados”).

Dhatukatha (“Discussão com relação aos Elementos”).

Puggalapannatti (“Descrição de Indivíduos”).

Kathavatthu (“Pontos de Controvérsia”).

Yamaka (“O Livro dos Pares”).

Patthana (evolução dos estados éticos – “O Livro de Relações“).

Acredita-se que os textos datem aproximadamente de 400 AC a 250 DC, sendo o primeiro volume o mais antigo e o terceiro o mais recente.)  é provavelmente a mais ampla e mais detalhada obra de psicologia tradicional dos estados de consciência. No século V d.C, o monge Buddhaghosa (Brâmane no Reino de Mágada foi um estudioso e comentarista budista teravada indiano do século V.Seu nome significa “Voz do Buda” em páli. Seu trabalho mais conhecido é o Visuddhimagga, ou Caminho da Purificação, um sumário e análise abrangente do entendimento Teravada do caminho da libertação do Buda. As interpretações dadas por ele tem geralmente constituído a compreensão ortodoxa das escrituras Teravada desde pelo menos o século XII da Era Comum. Ele é geralmente reconhecido tanto por estudiosos ocidentais como teravadins como o comentarista mais importante da Teravada. O Mahavamsa registra que ele nasceu em uma família budista e empreendeu o estudo do Tipitaka e de se seus comentários. A crônica afirma que ele nasceu próximo à Bodhgaya e que teria sido um mestre nos Vedas que viajava através da Índia envolvido em debates filosóficos. Só quando se enfrenta com um monge budista chamado Revata é que é superado e, pela primeira vez, derrotado em um debate sobre o significado de uma doutrina védica, sendo em seguida confundido com a apresentação de um ensinamento do Abidarma. Impressionado, Buddhaghosa tornou-se um bico (monge mendicante) resumiu a parte do Abhidhamma sobre meditação no Visuddhimagga, a “Via da Purificação”. Buddhaghosa explica que a “purificação” definitiva deve ser estritamente entendida como nibbana (sânscrito: nirvana), que é um estado alterado de consciência.

O Visuddhimagga começa com os conselhos sobre os melhores ambientes e atitudes para a meditação. Em seguida descreve os modos específicos como o meditador treina sua atenção e os sinais que ele encontra ao percorrer a via meditativa rumo ao estado nirvânico. Termina com as conseqüências psicológi­cas para o meditador de sua experiência de nirvana.

O Visuddhimagga é um livro de receitas tradicionais para a meditação, mas não nos fala necessariamente sobre as práticas específicas dos budistas theravadanos contemporâneos. A progressão que ele descreve é um tipo ideal e como tal não preci­sa conformar-se às experiências de nenhuma pessoa dada. Mas os meditadores experimentados na sua maioria decerto reconhecerão sinais familiares aqui e ali.

O Visuddhimagga é composto por três seções, que discutem:

1) Sīla (ética ou disciplina) explica as regras da disciplina e o método para encontrar um templo correto para a prática ou como encontrar um bom professor .

2) Samādhi (concentração meditativa) descreve a prática de samatha , objeto por objeto. Menciona diferentes estágios de concentração.

3) Pañña (entendimento ou sabedoria) é uma descrição dos cinco skandhas (De acordo com o budismo, os seres humanos são compostos de Cinco Agregados: forma, sensações, percepções, formações mentais e consciência. Os Cinco Agregados contêm em si tudo o que existe – tanto dentro como fora de nós, na natureza e na sociedade.), ayatanas (“base dos sentidos”, “esfera dos sentidos”. No budismo, existem seis bases sensoriais internas também conhecidas como “órgãos”, “portões”, “portas”, “poderes” ou “raízes”  e seis bases sensoriais externas “objetos dos sentidos”; também conhecido como vishaya ou “domínios”.), as Quatro Nobres Verdades , origem dependente ( Pratitya samutpada ) e a prática de vipassana através do desenvolvimento da sabedoria. Ele enfatiza diferentes formas de conhecimento emergentes por causa da prática. Esta parte mostra um grande esforço analítico específico da filosofia budista.

Cabe aqui uma rápida explicação do termo Vipassana.

Ele é referenciado no Canon Pali algumas vezes, normalmente em associação com samatha:

    E qual, bhikkhus (discípulos), é o caminho que conduz ao incondicionado?

    Tranqüilidade e Insight (é a compreensão de uma causa e efeito específicos dentro de um contexto particular. O termo insight pode ter vários significados relacionados: um pedaço de informação o ato ou resultado de compreender a natureza interna das coisas ou de ver intuitivamente uma introspecção) (Samatha e Vipassana): isso é chamado o caminho que conduz ao incondicionado.

A doutrina de ênfase maior em Vipassana teria surgido posteriormente no desenvolvimento inicial do budismo. No Sutta Pitaka o termo é visivelmente mais escasso que o termo Dhyana, freqüentemente usado para referir-se a meditação. O Canon Pali não possui nenhum registro de vipassana como uma pratica em especial, a palavra teria somente conotação de insight/entendimento de uma maneira geral, e posteriormente sido apropriada por diferentes pensadores e escolas de meditação.

A ênfase do insight era uma característica de escola Sthaviravāda, uma das escolas iniciais e que posteriormente deu origem à escola Theravada.

Vipassana pode ser desenvolvido de várias maneiras, através de contemplações, introspecção, observação de sensações, observação analítica etc. Sempre tendo como meta o insight. As práticas podem variar entre as escolas e professores sendo, por exemplo, uma variante comum o grau de concentração necessário, que pode ir de atenção simples (bare attention) à prática dos Dhyanas.

Está presente tanto no Theravada quanto no Mahayana, embora o termo seja mais associado com o Theravada enquanto no Mahayana este aspecto está embutido em práticas como o Zazen (meditação Zen) e o Dzogchen (técnica de meditação tibetana).

Houve popularização crescente de meditações nomeadas Vipassana nas últimas décadas. Alguns métodos em destaque são:

– Mahasi Sayadaw: Popularizado pelo monge Birmanês Mahasi Sayadaw, coloca ênfase na concentração no momento presente e observação dos fenômenos. Há ênfase na prática de retiros intensos e longos.

– S.N. Goenka: Popularizado por S. N. Goenka, na linhagem de Sayagyi U Ba Khin e Ledi Sayadaw. Os centros fundados por Goenka se espalharam amplamente pelo mundo. A técnica tem como base anapanasati (meditação na respiração) e observação das sensações do corpo.

– Pa Auk Sayadaw: Baseado no Visuddhimagga, o método de Pa Auk promove o desenvolvimento dos quatro Dhyanas (O mesmo que Dhyana em sânscrito é um termo pali que se refere a um dos tipos ou aspectos da contemplação. É conceito chave no Hinduísmo e Budismo.)

    O insight vem através da observação dos quatro elementos (terra, água, fogo e ar) através das sensações de solidez, fluidez, calor e movimento.

– Tradição Tailandesa das florestas: Uma tradição monástica que influenciou amplamente o movimento moderno de meditação. Possui ênfase no uso de Kammathanas (cada um dos quarenta objetos de meditação listados no terceiro capítulo do Visuddhimagga), sem uma técnica específica rígida. Propõe um balanço equilibrado entre samatha e vipassana, onde “Sabedoria desenvolve Samadhi e Samadhi desenvolve Sabedoria” Um dos mais proeminentes professores deste estilo foi Ajahn Chah.

Segundo os estudiosos, o Visuddhimagga é um dos textos extremamente raros nas enormes literaturas de várias formas de jainismo, budismo e hinduísmo para fornecer detalhes explícitos sobre como se pensava que os mestres espirituais realmente manifestavam habilidades sobrenaturais. Habilidades como voar pelo ar, caminhar por obstruções sólidas, mergulhar no chão, caminhar sobre a água e assim por diante são executadas alterando um elemento, como a terra, para outro, como o ar. O indivíduo deve dominar a meditação kasina antes que isso seja possível. Dipa Ma (25/03/1911 – Setembro 1989) foi uma professora indiana de meditação do budismo Theravada e era descendente de Barua.  Ela era um mestre budista de destaque na Ásia e também ensinou nos Estados Unidos, onde influenciou o ramo americano do movimento Vipassana. Em 1963 ela foi escolhida para estudar os siddhis ou poderes espirituais com o mestre indiano Anagarika Munindra , um aluno sênior de Mahasi Sayadaw . De acordo com os estudiosos, Dipa Ma, que treinou através do Visuddhimagga , demonstrou habilidades supernormais..

Dipa Ma

– O mestre

O mestre de meditação ideal foi o Buda, que, segundo dizem, desenvolveu o poder de conhecer a mente e o coração dos outros. Ele enquadrava perfeitamente cada pessoa no tema e na circunstância adequados para a concentração. Na falta desse mestre ideal, o Visuddhimagga aconselha o candidato a meditador a escolher seu mestre segundo o nível de progresso na meditação, sendo o melhor mestre aquele que obteve maio­res êxitos. O apoio e o conselho do mestre são cruciais para o meditador abrir seu caminho em meio ao desconhecido terreno mental. O pupilo “se refugia” em seu mestre, comprometendo-se a submeter-se a ele.

O pupilo submete o egoísmo, a fonte de obstáculos que o impede de prosseguir na meditação, até o ponto em que ele é transcendido. Mas a responsabilidade pela iluminação é posta francamente sobre os ombros do próprio discípulo, não sobre os do mestre; o mestre é somente um “bom amigo” na via. O mes­tre aponta o caminho; o discípulo tem de caminhar por si mesmo. A essência do papel do mestre é dada nestas linhas do Zenrin japonês:

Se desejares conhecer a estrada até a montanha,

Tens de perguntar ao homem que vai e volta por ela.

– Preparação para a meditação

O Comportamento local e postura

Pratica de relaxamento e consciência do corpo físico e energético ou duplo etérico concomitantemente com desconexão do corpo físico através das regras de comportamento

A prática começa com sila (virtude ou pureza moral). Este cultivo sistemático do pensamento, palavra e ato virtuo­sos concentra os esforços do meditador para a alteração da consciência na meditação. “Pensamentos não virtuosos”, por exemplo, fantasias sexuais ou raiva, levam à distração durante a meditação. São uma perda de tempo e energia para o medi­tador sério. A purificação psicológica significa descartar pen­samentos dispersivos.

O processo de purificação é uma das três grandes divisões do treinamento no esquema budista, sendo as outras duas samadhi (concentração meditativa) e punna (introvisão). A introvisão é entendida no sentido especial de “ver as coisas como são”. Purificação, concentração e introvisão são estreita­mente ligadas. Esforços para purificar a mente facilitam a con­centração inicial, que permite a introvisão sustentada. Desen­volvendo a concentração ou a introvisão, a pureza se torna, em vez de um ato de vontade, fácil e natural para o meditador. A introvisão fortalece a pureza, enquanto ajuda a concentração; a forte concentração pode ter como subprodutos a introvisão e a pureza. A interação não é linear; o desenvolvimento de qual­quer uma facilita as outras duas. Não existe progressão neces­sária, mas antes uma espiral simultânea das três no curso da via da meditação. Embora a apresentação seja linear aqui por necessidade, existe uma inter-relação complexa no desenvolvi­mento da pureza, concentração e introvisão do meditador. São três facetas de um único processo.

A purificação ativa na tradição do Visuddhimagga começa com a observância de códigos de disciplina para leigos, noviços e monges totalmente ordenados. Os preceitos para o leigo são apenas cinco:

– abster-se de matar,

– de roubar,

– de ter intercurso sexual ilegal,

– de mentir e

– de intoxicar-se.

Para os noviços a lista se amplia para dez, os cinco primeiros tornando-se mais estri­tos no processo. Para os monges existem 227 proibições e observâncias que regulam cada detalhe da vida monástica diá­ria. Embora a prática de pureza varie com o modo de vida da pessoa, seu intento é o mesmo: é a necessária preparação para a meditação.

Em certo nível, estes são códigos para o comportamento social adequado, mas isso é secundário em importância para a pureza motivacional que o comportamento adequado prenuncia. A pureza é entendida não apenas no sentido exterior ordi­nário de decência, mas também como as atitudes mentais das quais brotam o discurso, a ação e o pensamento adequados. Assim, por exemplo, o Visuddhimagga impele o meditador, caso surjam pensamentos lascivos, a combatê-los imediatamente pela contemplação do corpo no aspecto de repugnância. O objetivo é liberar o meditador de pensamentos de remorso, culpa ou vergonha, bem como da lascívia. O comportamento é controlado porque afeta a mente. Atos de pureza visam a produzir uma mente calma e dominada. A pureza da moralidade tem apenas a pureza da mente como objetivo.

Uma mente controlada é o objetivo da pureza, vê, daí que a con­tenção dos sentidos faz parte da purificação. O meio para tanto é sati (atentividade). Na atentividade, o controle dos sentidos advém através do cultivo do hábito de simplesmente observar percepções sensoriais, sem permitir que estimulem a mente em cadeias de pensamento. A atentividade é a atitude de prestar aos estímulos sensoriais o mínimo de atenção. Quando sistema­ticamente desenvolvida na prática do vipassana (ver as coisas como são), a atentividade torna-se o caminho para o estado nirvânico. Na prática diária, a atentividade leva à separação das próprias percepções e pensamentos do meditador. Ele se torna um observador de seu fluxo de consciência, enfraquecendo o impulso à atividade mental normal e preparando assim o cami­nho para estados alterados.

Nos estágios iniciais, antes do firme assentamento na atentividade, o meditador é distraído por seu meio ambiente. O Visuddhimagga por isso dá instruções ao candidato a meditador sobre o melhor estilo de vida e situação. Ele tem de com­prometer-se num “meio de vida correto” para que a fonte de seu suporte financeiro não seja causa de desconfianças; no caso dos monges. As posses devem ser míni­mas; um monge deve possuir apenas oito itens: três túnicas, um cinto, uma tigela de pedinte, uma navalha, uma agulha de costura e sandálias. Deve alimentar-se com moderação, o bas­tante para garantir a saúde física, mas menos do quanto causa­ria torpor. Sua morada deve ser ao largo do mundo, um lugar de solidão; para chefes de família que não podem viver isola­dos, um cômodo deve ser posto à parte para a meditação. A preocupação indevida com o corpo deve ser evitada, mas, em caso de doença, o meditador deve buscar o medicamento apro­priado. Adquirindo os quatro requisitos de posses, alimento, moradia e medicamento, o meditador deve ter apenas o neces­sário para seu bem-estar. Obtendo esses requisitos, ele deve agir sem avidez, de modo que até suas necessidades materiais permaneçam inatingidas pela impureza.

Uma vez que o próprio estado mental de uma pessoa é afe­tado pelo estado mental de seus próximos, o meditador sério deve cercar-se de pessoas que pensam como ele. Essa é uma das vantagens dos sanghas, estritamente definidos como aqueles que atingiram o estado nirvânico e, em seu sentido mais amplo, a comunidade das pessoas naquela via. A meditação é auxilia­da pela companhia de pessoas conscienciosas e concentradas e é prejudicada pelos que são agitados, distraídos e imersos em preocupações mundanas. Pessoas agitadas, mundanas normal­mente falam de um modo que não leva ao desapego, à impas­sibilidade ou à tranqüilidade, qualidades que o meditador busca cultivar. Os tipos de assunto característicos do falatório mundano, sem proveito, são assim enumerados pelo Buda:

Sobre reis, ladrões, ministros, exércitos, fome e guerra; sobre comer, beber, vestir e morar; sobre enfeites, perfumes, parentes, veículos, cidades e países; sobre mulheres e vinho, a fofoca da rua e do poço; sobre ancestrais e ninharias várias; contos sobre a ori­gem do mundo, conversas sobre coisas que são assim ou assado, e assuntos semelhantes.

Em estágios avançados, o meditador pode descobrir que são obstáculos coisas que antes eram auxílios. O Visuddhimagga lista dez categorias de apegos potenciais, todos empecilhos ao progresso na meditação:

 (01) qualquer moradia fixa se sua manutenção é motivo de preocupação,

(02) família, se seu bem-estar gera inquietação,

(03) acúmulo de presentes ou reputação, que envolve perda de tempo com admiradores,

(04) um séquito de discípulos ou a ocupação de estar ensinando,

(05) projetos, ter “algo para fazer”,

(06) perambulações,

(07) pessoas caras a alguém cujas necessidades pedem atenção,

(08) doença que necessita de tratamento prolongado,

(09) estudos teóricos não acompanhados pela prática, e

(10) poderes psíquicos sobrenaturais, cuja prática se torna mais interessante que a meditação.

 Desprender-se dessas obrigações libera o meditador para a busca sincera da meditação, isso é, “purificação” no sentido de liberar a mente de questões preocupantes. A vida do monge é traçada para esse tipo de liberdade; para o leigo, breves retiros permitem um isolamento temporário.

Essas práticas ascéticas são opcionais no “caminho do meio” do Buda. O monge sério pode praticá-las se achar algu­ma delas útil. Mas ele tem de ser discreto em sua observância, praticando-as de modo a não chamar atenção indevida. Essas práticas incluem vestir somente túnicas feitas de trapos; comer somente uma tigela de comida, e só uma vez por dia; viver na floresta sob uma árvore; morar num cemitério ou a descoberto; ficar sentado até terminar a noite. Embora opcionais, o Buda aprecia os que seguem esses modos de vida “por amor à frugalidade, à continência, à austeridade, ao desapego”, enquanto critica os que se orgulham de praticar austeridades e desdenhar dos outros que não o fazem. Em todas as facetas do treinamen­to, o orgulho espiritual prejudica a pureza. Qualquer ganho em ascese é perdido no orgulho. A meta da purificação é simples­mente uma mente despreocupada com circunstâncias exterio­res, calma e madura para a meditação.

Meditação Pratica 1 – Relaxamento                                 

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