Meditação: Meditação Espiritual e Subida Kundalini Parte 2 – Programa 03 04 23

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Shiva

         – Experiências com Kundalini

Gopi Krishna

Foi um iogue, místico, professor, reformador social e escritor. Ele nasceu em uma pequena aldeia na India em 30/05/1903 e Morreu em 31/06/84

Gopi Krishna vivia na cidade de Jammu, quando a kundalini, pela pri­meira vez, se mostrou ativa em seu corpo. O ano era o de 1937.

Empregado como escriturário, servia sob as ordens do Diretor de Educação do Departamento de Obras Públicas do Estado. Gopi Krishna tinha 34 anos. Fora do local de trabalho, costumava pas­sar o tempo estudando as escrituras e a literatura de várias religiões, além de aprender e praticar a Yoga.

Sua prática incluía o levantar cedo todos os dias para meditar. Enquanto meditava, contemplava “um lótus imaginário em plena florescência, que irradiava luz” e, sentado, “imóvel e aprumado, centrava os pensamentos no lótus”. Em certa manhã de dezem­bro, sua meditação assumiu um feitio inesperado. Eis como ele a descreve:

Todo o meu ser estava tão absorvido pelo lótus que, em dados momentos, eu perdia contato, por vários minutos, com o corpo e com o ambiente. Nesses intervalos, costumava sentir-me como sus­penso no ar, sem nenhuma sensação de corpo à minha volta. O único objeto de que tinha consciência era um lótus de cor brilhante, que emitia raios de luz…

No decorrer de um desses períodos de concentração intensa, experimentei, de repente, estranha sensação debaixo da base da coluna, no lugar que tocava o assento, enquanto eu me achava sentado, com as pernas cruzadas, num cobertor dobrado e estendi­do no chão. A sensação era tão fora do comum e tão agradável, que minha atenção foi atraída por ela. No momento em que minha atenção se retirou do ponto em que estava concentrada, a sensação cessou. Cuidando ser um ardil empregado pela imaginação para relaxar a tensão, despedi o assunto de minha mente e trouxe a atenção de volta ao ponto de que ela se afastara. Tomei a fixá-la no lótus e, à medida que a imagem crescia, clara e distinta, no topo da cabeça, a sensação ocorreu de novo. Desta feita, tentei manter a fixidez da atenção e o consegui durante alguns segundos, mas a sensação que subia foi tão intensa e era tão extraordinária compara­da com tudo o que eu já experimentara antes que, apesar de mim  mesmo, minha mente se dirigiu para ela, que, nesse mesmíssimo instante, desapareceu outra vez… Meu coração passou a bater, des­compassado, e me foi difícil devolver à atenção o grau de fixidez necessário. Volvido algum tempo, recompus-me e logo me vi mer­gulhado na meditação como antes. Quando a imersão se comple­tou, voltei a ter a sensação mas, dessa vez, em lugar de consentir em que a mente deixasse o ponto em que eu a fixara, mantive a fixidez da atenção do princípio ao fim. A sensação voltou a subir, aumen­tando de intensidade, e me senti indeciso; com um grande esforço, porém, conservei a atenção centrada no lótus. De repente, com um rugido semelhante ao de uma catarata, senti uma corrente de líqui­do leve entrar-me no cérebro através da medula espinhal.

De todo despreparado para um desenvolvimento como esse, senti-me totalmente tomado de surpresa; recobrando, contudo, o domínio de mim mesmo, permaneci sentado na postura anterior, mantendo a mente no ponto de concentração. A iluminação foi-se tomando cada vez mais brilhante, o rugido mais alto, eu senti-me indeciso e, em seguida, fui como escorregando para fora do corpo, inteiramente envolvido num halo de luz. E impossível descrever a experiência com precisão. Senti o ponto de minha consciência, que era eu mesmo, cercado de ondas de luz. Esse ponto, cada vez maior, estendia-se para fora, ao passo que o corpo, normalmente objeto imediato da sua percepção, parecia ter recuado para longe até que perdi inteiramente a consciência dele. Eu era agora todo consciência, sem nenhum contorno, sem nenhuma idéia de um apêndice corpóreo, sem nenhum sentimento nem sensação proce­dente dos sentidos, imerso num mar de luz, simultaneamente consciente e ciente de cada ponto, estendido, por assim dizer, em todas as direções, sem nenhuma barreira ou obstrução material. Eu já não era eu mesmo ou, para ser mais exato, eu já não era como sabia ser, um pequenino ponto de consciência enclausurado num corpo, mas sim, em vez disso, um vasto círculo de consciência em que o corpo era apenas um ponto, banhado de luz e num estado de exaltação e felicidade indescritível.

Depois de algum tempo, cuja duração não me foi possível cal­cular, o círculo começou a estreitar-se; senti-me contrair, tornando-­me cada vez menor, até que me voltou uma vaga consciência dos contornos do meu corpo, que ao depois se fez mais clara; e ao escorregar de volta ao antigo estado, tive a repentina percepção dos ruídos da rua, senti novamente os braços, as pernas e a cabeça e, mais uma vez, tomei a ser o meu eu estreito em contato com o corpo e com o ambiente. Quando abri os olhos e olhei ao meu redor, senti-me um tanto ou quanto ofuscado e desnorteado, como se estivesse regressando de uma terra estrangeira, que me fosse completamente estranha.”

Ao invés da versão idealizada da iluminação, Gopi Krishna não ficou em estado de nirvana após ativar a kundalini – não virou sábio da noite para o dia, dispensando a sabedoria das altu­ras dos Himalaias. Exatamente o oposto. Pois, como ele mesmo o descreveu, libertara uma força tormentosa em seu corpo. No dia seguinte à experiência inicial, foi novamente capaz de despertar a kundalini, com resultados semelhantes, se bem que, desta vez, o sentimento de exaltação não foi tão forte nem durou tanto tempo. A seguir, sentiu-se deprimido e até desalentado; de feito, uma nuvem de depressão e tristeza, um estado de horror começava, pouco a pouco, a envolvê-lo, fazendo-o ver estranhas visões e apa­rições interiores. Esse mundo, de cuja existência não tinha notícia, era assustador – anormal. Passou a desconfiar de que não estava à beira da iluminação, mas que chegara ao limiar de um imenso abismo chamado loucura. Pior do que isso, Gopi Krishna come­çou a imaginar que talvez tivesse dado um passo irrevocável, pois já estava balançando sobre a borda, “suspenso por um fio, pen­dente entre a vida, de um lado, e a morte, de outro, entre a sani­dade e a insanidade, entre a luz e a escuridão, entre o céu e a terra”.

Gopi Krishna passou de cama o terceiro dia depois do seu “despertar”. Incapaz de concentrar os pensamentos por um espa­ço qualquer de tempo, sentia que uma fina corrente de essência irradiante se lhe derramava sem parar no cérebro com uma luz sinistra. Os dias que se seguiram foram de pesadelo, e ele perdeu a vontade de meditar. Não podendo comer normalmente, limi­tou-se, ao cabo de algum tempo, a um copo ou dois de leite e umas poucas laranjas diárias. Sua leitura era desconexa, pois não conseguia manter a concentração. As noites, impossíveis. Bastava-lhe fechar os olhos para que uma vasta língua de fogo lhe saltasse do extremo da coluna para a cabeça. A intensidade da corrente de luz, que lhe corria da medula espinhal para o cérebro, aumen­tava durante a noite. Toda vez que cerrava os olhos via-se defronte de um círculo singular de leves e rodopiantes correntes lumino­sas. O espetáculo tinha uma aura sobrenatural, que lhe esfriava os ossos. Olhando para dentro, surpreendeu-se no meio de uma exi­bição pirotécnica; cercavam-no sons atroadores, chuveiros de luz e ondas cor de cobre que se estendiam para fora, na escuridão circundante. O mundo de Gopi Krishna ficara incompreensível. Os sentimentos que o ligavam à esposa e aos filhos, que tanto amava, desapareceram. A noite, no quarto de dormir, criaturas satânicas com rostos desfigurados e tortos, formas inumanas, no escuro, olhavam de esguelha para ele. O fogo devorava-o por dentro como se uma fornalha lhe rugisse no interior; alfinetes ao rubro lhe salteavam o corpo, “queimando-lhe os órgãos e tecidos e criando bolhas como centelhas volantes”. Enchiam-lhe as pro­fundezas do ser o terror e o medo.

Lá para os fins de 1938, na véspera do festival sagrado de Shivrati (Noite de Shiva), essa fase do processo da kundalini atin­giu o clímax. Gopi Krishna fora deitar-se. Ardiam-lhe todas as partes do corpo. Sentiu que ia morrer. Nesse momento, porém, lembrou-se do conselho do cunhado acerca do Nadi Pingala. Eis aqui a descrição feita por ele do que aconteceu em seguida:

“… como se por uma graça divina, atravessou-me o cérebro a idéia de fazer uma última tentativa de despertar Ida, ou o nervo lunar do lado esquerdo, neutralizando assim o terrível efeito de queimadura do fogo devorador dentro de mim… Obriguei minha atenção a focar o lado esquerdo do assento de Kundalini, e tentei forçar uma corrente fria imaginária a subir pela medula… Senti, muito nítida, a localização, do nervo e esforcei-me quanto pude mentalmente por desviar-lhe o fluxo para o canal central. Depois, como se estivesse esperando o momento a ele destinado, aconteceu o milagre.

Ouviu-se um som como o de um filete nervoso que estala e, no mesmo instante, um risco de prata passou, ziguezagueando, pela medula, exatamente como o movimento sinuoso de uma serpente branca em fuga acelerada, despejando um chuveiro cintilante e cascateante de energia vital em meu cérebro, enchendo-me a cabeça de um brilho jubiloso em lugar da chama… Completamente toma­do de surpresa diante da súbita transformação e… contentíssimo pela cessação da dor, permaneci inteiramente imóvel por algum tempo, saboreando a bem-aventurança do alívio com a mente inun­dada de emoção, não podendo acreditar que eu estivesse realmente livre do horror… Adormeci de pronto, banhado em luz e, pela primeira vez depois de semanas de angústia, senti o doce abraço de um sono reparador.

Foram precisos doze anos para que a kundalini se integrasse nos processos corporais e mentais de Gopi Krishna. Terminada a crise inicial, ele passou, de um modo geral, a gozar de boa saúde, embora lhe fosse preciso ainda sofrer muitas crises. Foi-lhe neces­sário adotar uma dieta rigorosa e hábitos regulares de sono; e, nas ocasiões em que abandonou o regime diurno ou noturno, pagou caro por isso, tendo sofrido, de uma feita, uma recaída tão séria, que voltou ao ponto em que começara — tremendo de medo, próximo da morte, ardendo por dentro, envolto numa parede interna de fogo. Gopi Krishna, contudo, estava aprendendo a su­portar tudo isso, e sempre se recuperava das reversões temporá­rias conservando intato o brilho luminoso do cérebro.

Hiroshi Motoyama

Hiroshi Motoyama foi um, cientista, instrutor espiritual e autor cujo tema principal era o auto cultivo espiritual e a relação entre a mente e o corpo. Motoyama enfatizou as práticas meditativas de Samkhya/Yoga, karma, reencarnação e teorias hindus dos chakras.

Nascimento: 15 de dezembro de 1925

Falecimento: 19 de setembro de 2015

O Dr. Hiroshi Motoyama aprendeu a cantar sutras budistas e orações xintoístas com sua mãe natural e sua mãe postiça desde os 4 anos de idade. As duas mães e o menino cantavam horas a fio, sem interrupção. Devotas espirituais avançadas, ambas educa­ram a criança num ambiente religioso. Costumavam levá-lo a pe­regrinações religiosas aos templos e santuários das montanhas da Ilha de Shodo, Prefeitura de Kagawa, no Japão, onde ele nascera. Refere Motoyama que, com as duas mulheres, aprendeu e experimentou a existência de entidades não humanas que habitam as dimensões mais elevadas. Levaram-no também a lugares tidos por centros de alta energia para a prática de várias espécies de ascetis­mo religioso. Com esse pano de fundo, não admira que ele viesse a tomar-se, ao crescer, um estudante sério de praticas internas, nem que já houvesse despertado a kundalini ao completar 25 anos de idade.

O jovem Motoyama impôs-se imediatamente uma disciplina rigorosa. Levantava-se às 3:00 da manha para praticar Asanas (posturas iogues) durante meia hora; depois meditava durante as três ou quatro horas seguintes. Sua meditação consistia em Pranayama (exercícios respiratórios) e concentrações em chakras es­pecíficos. Conhecedor da meditação, obteve resultados positivos logo após o início dos estudos de praticas internas. Seu corpo e sua mente, por exemplo, começaram a encher-se de doses extraordinárias de energia, e os sintomas de um distúrbio gástrico e de uma supura­ção no ouvido desapareceram seis meses depois de haver iniciado as práticas. Durante a continuação do estudo e da medita­ção, Motoyama começou a notar os primeiros sinais de um des­pertar da kundalini. Aqui está a sua descrição:

Comecei a notar algumas sensações novas. Eu sentia uma comi­chão no cóccix, um formigamento na testa e no alto da cabeça, e uma sensação de febre no abdome inferior. Ouvia um como som de abelhas zumbindo em tomo do cóccix. Na vida comum de to­dos os dias, meu olfato se tomou tão sensível que eu já não supor­tava cheiros nauseantes.

Essas condições perduraram uns dois ou três meses. Um dia, quando eu meditava diante do altar, como sempre, senti particular­mente febril o abdome inferior e vi ali uma luz redonda, vermelha, qual bola de fogo na iminência de explodir, no meio de um vapor alvacento. De repente, uma força incrível subiu- me pela coluna até o cocuruto da cabeça e, se bem isso durasse apenas um ou dois segundos, meu corpo levitou-se, pairando uns poucos centímetros acima do chão. Fiquei aterrorizado. Todo o meu corpo se abrasava, e uma dor de cabeça muito forte impediu- me de fazer o que quer que fosse o dia inteiro. O estado febril continuou por dois ou três dias. Eu tinha a impressão de que a minha cabeça explodiria de energia. A única coisa que me trazia algum alívio era bater em mim mesmo, ao redor da “Porta de Brahma”, no topo da cabeça.

Foi essa, portanto, a primeira vez que tive a experiência da ascensão da kundalini shakti até o alto da cabeça, através do sushumna. Mas não passei por muita dificuldade física ou mental, associada tão freqüentemente a essa experiência, provavel­mente em razão do fato de que a minha Porta de Brahma já estava aberta e, desse modo, shakti pôde sair e voar para a dimensão astral.

Acreditava  Motoyama  que  o despertar dos chakras varia de pessoa para pessoa, e atribui essa variação às diferenças de karma e natureza existentes entre os indivíduos. Isso influi na facilidade ou dificuldade com que se pode abrir determinado chakra. Nas descrições do Dr. Motoyama, os chakras são os polos para os quais a corrente da kundalini é atraída. Ele os retrata como parte integrante do processo da kundalini, e sustenta que a iluminação não poderá ser alcançada enquanto não se tiverem despertado e reconhecido os chakras. Diz o Dr. Motoyama que essa afirmação também está incluída num dos Upanixades. Ele não menciona no contexto, porém, os dois chakras menores, o Ananda-Kanda e o Lalana, pois não os considera centros do des­pertar.

O Svadhisthana foi o chakra seguinte que se abriu depois do Muladhara, e apareceu primeiro ao Dr. Motoyama como bola de fogo redonda, carmesim, em seu abdome. Seguiram-se a isso sonhos proféticos e experiências telepáticas. O despertar desse chakra assi­nalou o início de um período que Motoyama denomina de “fase perigosa” em sua prática. Durante a meditação, o menor som o assustava, como se um raio houvesse caído nas imediações; excitava-se facilmente e sentia haver-se tomado emocionalmente instá­vel. Observa que é aconselhável, de um modo geral, a quem estiver passando por esse momento crítico, conseguir a orientação de um guru experimentado. O próprio Motoyama teve a felicida­de de ter a assistência de suas duas mães, ambas conhecedoras dos assuntos espirituais, e afirma que, além disso, era amparado pela “proteção divina”, de modo que pôde passar pela crise sem nenhuma dificuldade maior. Ele não menciona nenhum caso de ativação da kundalini em conexão com esse chakra, apesar de relatar uma sensação de febre no abdome, como se fosse uma mistura de gelo e fogo, acompanhada da visão de um vapor bran­co; essa sensação, todavia, ocorreu alguns meses antes do primei­ro despertar da kundalini.

Relata ainda que via fantasmas – que ele chama de seres astrais inferiores – desde a infância e que, durante a abertu­ra do chakra Manipura, começou a observar tais aparições com maior freqüência enquanto meditava. No seu entender, a capaci­dade de interagir com o mundo espiritual, comunicar-se com ele, sofrer-lhe a influência ou influir em vários espíritos, aumentou demonstravelmente depois da ativação de Manipura. Motoyama faz questão de advertir que o uso excessivo das capacidades asso­ciadas a esse chakra ou, aliás, o uso excessivo de qualquer chakra com exclusão de outros, pode resultar em doença ou anormalida­des tanto da mente quanto do corpo. Ele tampouco refere qual­quer atividade da kundalini em conexão com o chakra Manipura.

A abertura do chakra Anahata ocorreu uns dois anos depois que o Dr. Motoyama começou a praticar, e aqui, à diferença do que fez com Svadhisthana e Manipura, ele descreve a ascensão da kundalini. Ele atribui a capacidade de cura e a realização dos desejos pessoais à abertura do chakra. De acordo com o seu rela­to, o despertar foi dramático.

“Nessa ocasião, como é habitual durante o período mais frio do inverno, eu praticava o tradicional ascetismo da água, levantando- me de madrugada, saindo de casa e despejando água gelada sobre o meu corpo seminu por uma hora. Enquanto eu fazia isso, minha mãe, ao meu lado, rezava por mim. Essa é uma pratica do budismo Tendai

Certa manhã, aconteceu o seguinte. Vi uma espécie de energia térmica erguer-se do meu cóccix e chegar ao coração através da coluna. Eu sentia muito calor no peito e notei que o coração come­çava a brilhar com uma cor reluzente de ouro. O calor aquecia a água gelada e um vapor se ergueu da superfície do meu corpo, mas eu não senti frio. Quando a kundalini subiu do coração para o alto da cabeça, tomou-se de um branco brilhante. Ela saiu-me do corpo pelo alto da cabeça e eu ergui-me com ela até uma dimensão muito mais elevada. Meu corpo físico estava de pé no vento frio, mas eu o esquecera. Embora estivesse semi-inconsciente, tinha consciência de achar-me nas alturas e de adorar o Divino. Quando voltei a mim, dali a dez ou vinte minutos, minha mãe me contou que vira uma luz dourada brilhando no topo de minha ca­beça e no meu coração. Creio que essa experiência foi o ponto em que o meu chakra Anahata despertou.”

Durante o quarto e o quinto anos da prática de Motoyama, ele concentrou-se no chakra Vishudha. Pouco depois, acometido de uma irritação da garganta, passou a ter dificuldade para respirar. Passados alguns meses, deu-se conta, um belo dia, de uma luz roxa que se lhe espalhava em tomo da cabeça. Perdeu a consciên­cia do corpo. Dentro dele mesmo tudo estava quieto e calmo. Ele entrara num estado de espírito de tranqüilidade total. Motoyama parafraseia um dito budista para comunicar a sua calma: “… tudo, seja o que for, está sujeito a mudanças, porque todas as coisas, uma vez criadas, têm de chegar a um fim. Tendo transcendido o nascimento e a morte, tendo passado além deles, estamos em Shunyata, o nada absoluto e o mais alto de todos os bens”.

Em Shunyata, contudo, havia riscos que o Dr. Mo­toyama não previra. Depois de entrar algumas vezes nesse estado, viu-se à beira de um precipício, a que dá o nome de “abismo do vazio absoluto”. Isso o encheu de tamanho pavor que se trans­formou num impasse quase insuperável. Sentiu que poderia mor­rer literalmente se tivesse de enfrentar aquele vazio. Pensou em desistir. Paralisado pelo medo, aprendeu a entregar-se inteiramente a Deus, lembra-se ele, “a confiar totalmente minha vida a Ele”. Pouco a pouco, sobrepujou o medo.

O abismo, porém, não era o único perigo. O Dr. Motoyama descreve outro, que precisou confrontar:

Durante esse processo, encontrei um ser horrível, diabólico. Foi uma experiência indescritivelmente aterradora. No entanto, eu tam­bém tinha a compreensão de que todas as coisas, “até os deuses e os demônios” são transitórias; em última análise, não existe nada para temer. Essa compreensão permitiu-me passar por esse período assustador e perigoso.

Quando superei o medo e pude deliciar-me com a sensação de silêncio total em toda a minha volta… tive uma sensação maravilhosa de alheamento e liberdade.

Declara o Dr. Motoyama que,    como resultado de um Vissudha despertado, sua audição melhorou, e foi-lhe possível ver o passado e o futuro – a vida anterior, presente e futura apareciam-lhe como uma corrente contínua. No texto, ele não associa Vissudha à kun­dalini.

O chakra Ajna despertou com dificuldade relativamente pe­quena, e a passagem foi suave e calma. O meio de que ele se valeu para ativar a kundalini foi o Pranayama.

Depois de praticá-lo [Pranayama] uma hora por dia durante vários meses, a energia da kundalini ergueu-se do meu cóccix, su­biu-me pela coluna e meu corpo se aqueceu. Meu abdome infe­rior, no ponto em que rodeia o chakra Svadhisthana, ficou duro como o ferro. Minha respiração tomou-se tão fácil e tão lenta, que me acudiu a impressão de poder viver sem respirar. Meu corpo, sobretudo a parte superior do torso, dava a impressão de haver desaparecido. Meu chakra Ajna pôs-se a vibrar muito sutilmente. Imergi de todo numa luz roxa escura, ao mesmo tempo em que uma luz branca brilhante me luzia por entre as sobrancelhas. Ouvi uma voz que me chamava como se ecoasse num vale. Enchi-me de êxtase e revelou-se-me um símbolo divino de poder. Esse estado prolongou-se por uma ou duas horas e, no meu modo de ver, indi­cou o despertar inicial do chakra.

O Dr. Motoyama ingressou no que ele chamava de dimensão mais elevada da consciência. Cheio de uma calma celestial, escre­ve:

Não experimentei o obscurecimento ou perda da consciên­cia, que se verificara no despertar dos outros chakras. Surpreendi- me, pelo contrário, num estado de consciência mais ampla e mais profunda, consciência de uma dimensão mais alta, às vezes men­cionada como super consciência.

O Dr. Motoyama descobriu que o passado, o presente e o futuro eram conhecíveis simultaneamente, e que podia compreender a própria essência dos objetos. Havia outras intro visões – o propósito do karma com que as pes­soas vivem lutando, suas encarnações precedentes, e o karma das nações e do próprio mundo tomaram-se claros para ele. Afirma que agora não somente podia ver espírito, mas também sofrer- lhes a influência. Teve consciência do sofrimento deles e pôde ajudá-los orando a Deus pela sua liberação. Acredita o Dr. Mo­toyama que o poder de influir sobre os outros e purificar-lhes o karma é o atributo mais importante decorrente da ativação do chakra Ajna. E assegura que o despertar dos dois, o Ajna e o Sahasrara, é absolutamente essencial à ascensão do ser humano a um plano mais elevado.

Quando se desperta o chakra Sahasrara, o processo da kunda­lini chega ao apogeu. Seria, portanto, de esperar que esse chakra fosse o último a abrir-se. Refere, contudo, o Dr. Motoyama que o Sahasrara se abriu menos de um mês depois que ele se iniciou na paticas. Como ficou dito acima, isso foi precedido pelo despertar dos chakras Muladhara, Svadhisthana e Manipura. Os chakras Anahata, Vissudha e Ajna tomaram-se todos ativos em data ulterior.

O Dr. Motoyama abriu o Sahasrara por intermédio de uma forma taoísta do exercício da kundalini, chamada Shoshuten (orbita microcosmica de energia), con­quanto não especifique esses exercícios. Aqui vai a des­crição do despertar de Sahasrara:

Enquanto praticava o Shoshuten, vi o interior do Sushumna, o Sahasrara e dois outros chakras brilhando. Depois de ter praticado por seis meses ou um ano, uma luz áurea muito brilhante começou a entrar-me no corpo e a deixá-lo pelo cocuruto da cabeça, fazendo-me sentir como se o cocuruto da cabeça se projetasse de dez a vinte centímetros para cima. Na dimensão astral, mas não na física, vi o que se parecia com a cabeça de Buda, tremeluzindo, ora roxa, ora descansando no alto da minha própria cabeça. Uma luz dourada e branca fluía para dentro e para fora, através da porta, acima da coroa de Buda. Aos poucos, fui perdendo a sensação do corpo, se bem conservasse uma percepção clara da consciência, da superconsciência. Vi o meu eu espiritual elevar-se pouco a pouco, cada vez mais alto, e deixar meu corpo, passando pelo ápice da cabeça a fim de ser reintegrado no Céu.

Ouvi uma Voz possante, mas sobremodo tema, que ressoava por todo o universo. Enquanto prestava atenção à Voz, compreendi espontaneamente a minha missão, minhas vidas anteriores, o meu próprio estado espiritual e muitas outras coisas. Em seguida,experi­mentei um estado realmente indescritível, em que toda a minha existência espiritual imergiu totalmente numa calmaria extraordiná­ria. Transcorrido algum tempo, pareceu-me imperativo regressar ao mundo físico. Desci, seguindo o mesmo caminho, e voltei ao meu corpo pela porta no topo de minha cabeça. Tive de impregnar conscientemente de energia espiritual todo o meu corpo, porque eu estava gelado e tinha as extremidades paralisadas. Por fim, pude movimentar um pouco as mãos e os pés, e a sensação normal, gradativamente, retomou.

Relata o Dr. Motoyama que o seu corpo astral era capaz de sair-lhe do corpo físico pela Porta de Brahma depois de ter ele despertado o Sahasrara, que lhe era possível ver fora do próprio corpo com os olhos fechados durante a meditação, e que as capa­cidades adquiridas com o despertar dos outros chakras também tinham sido robustecidas. Observou outros benefícios à propor­ção que o Sahasrara se mostrava mais e mais ativo nas dimensões mais elevadas, incluindo a capacidade de entrar no corpo de ou­tras pessoas e de influir neles, além do que ele denomina “a capa­cidade de assegurar a união com o poder Divino”.

Meditação Pratica 1 – Relaxamento                                 

https://youtube.com/live/dyai9c_xY28

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