
O processo meditativo, é subdividido em dois períodos chamados:
1 – Meditação concreta, psicológica (ou com semente)
Neste grupo incluem-se diversas técnicas que utilizam o ponto de apoio para manter a atenção. Entre esses pontos de apoio, incluem-se imagens, desenhos, que estão fisicamente diante do praticante ou intensamente mentalizados.
Ela desdobra-se em:
1. Meditação com apoio externo : símbolos físicos
2. Meditação com apoio interno : ideias
No decorrer do período ou fase de meditação psicológica deve-se procurar habituar os veículos pessoais a se tornarem calmos, receptivos, silenciosos e eliminar os obstáculos internos devidos as sensações, emoções e mobilidade excessiva da mente.
Esse trabalho de tranqüilização dos três veículos é chamado “alinhamento inferior” e constitui-se de três estágios:
a – relaxamento do corpo físico e concentração
b – tranqüilização do corpo emotivo ou astral
c – silencio e calma do corpo mental
O relaxamento do corpo físico serve para preparar e favorecer a calma interior e sobretudo a emotiva que esta estritamente relacionada com a distensão e a tranqüilidade do corpo físico; além disso, é sua função permitir e nós mesmos esquecermos as sensações corpóreas.
Há inúmeras técnicas para a obtenção de um bom relaxamento do corpo. Entre elas a que você tem acesso no nosso site.
A concentração que ocorre junto com o relaxamento surge concomitantemente com ele e virá a possibilitar uma interiorização uma vez que sem esta qualidade é nos difícil “olharmos” para o nosso interior uma vez que o externo exerce uma maior influencia.
Existem também inúmeras técnicas para o treino da mesma algumas das quais lhes ensinamos.
A tranqüilização emotiva, caso não tenha sido alcançada juntamente com o relaxamento físico, pode ser obtida com varias técnicas entre as quais a visualização de imagens que inspirem calma, serenidade, paz, pois a energia que compõe o corpo emotivo é extremamente sensível as imagens. Também pode ser obtida com a repetição o de palavras ou frases estimulo que surgiram a paz, a estabilidade a calma, etc.
Para podermos atingir este nível de tranqüilização e posterior desidentificação devemos antes “ordenar” o corpo emotivo através da eliminação de muitos bloqueios que existem nele que são decorrentes da nossa vida presente. Isto pode ser feito através de muitas técnicas entre elas a regressão consciente que da condições da realização desta etapa do trabalho.
No que diz respeito ao silencio e a calma mentais, o trabalho é extremamente mais complexo e quase sempre requer treinamentos e exercícios de vários tipos, que devem ser praticados por um período de tempo relativamente longo.
O corpo mental tem uma função muito importante na meditação devido a sua natureza “dual”. De fato, é o único veiculo da personalidade que participa ao mesmo tempo da personalidade e do mundo do Eu Superior. O corpo mental está subdividido numa parte inferior, ou concreta, que se apresenta como o pensamento racional lógico, discursivo, e numa parte superior, que se apresenta como pensamento intuitivo, abstrato, criativo, impessoal, que já pertence a dimensão espiritual do Eu Superior.
Para alcançar esse resultado, devemos passar por uma fase de exercícios de concentração mental (dharana), ainda mais profunda do que a inicial, através dos quais poderemos desenvolver o poder do pensamento concentrado e focalizado, obediente a vontade do Eu Superior; e depois por uma fase de meditação com semente (dhyana) no decorrer do qual se desenvolve a capacidade reflexiva da mente, e o poder de aprofundar um conceito, uma idéia, até alcançar seu significado simbólico e universal.
De acordo com Patanjali, a concentração mental e a meditação com semente constituem-se de sete estágios:
1 – Escolha do objeto sobre o qual concentrar-se.
2 – O retrair-se da consciência mental do mundo externo, de forma que os meios de percepção e de experiência (os cinco sentidos) sejam acalmados e a consciência não se volte mais para o exterior.
3 – A Consciência se concentra e se fixa na cabeça.
4 – A mente se fixa e a atenção volta-se exclusivamente para o objeto escolhido.
5 – A visualização ou percepção imaginativa deste objeto e o raciocínio lógico sobre ele.
6 – A extensão dos conceitos que foram formulados, passando do especifico e determinado para o geral, universal e cósmico.
7 – Procurar chegar aquilo que está por trás da forma escolhida como objeto de concentração, isto é, checar a idéias que a produziram.
Este procedimento eleva gradativamente a consciência e permite ao aspirante transferir-se do lado forma para o lado vida da manifestação.
A concentração é a fase preparatória da meditação com semente. A diferença está não na técnica, mas na qualidade do sujeito escolhido para a concentração.
Do exame deste tipo de treinamento, resulta, claramente que a concentração mental, qualquer que seja o objeto escolhido, é a preparação para a meditação propriamente dita, mesmo a de caráter “reflexivo” cuja finalidade é criar a ponte mental entre a personalidade e o Si.
A meditação psicológica, portanto, é uma preparação dos veículos inferiores para o silencio e a calma, em razão do que ser chamada de “meditação com semente”. De fato, quando usamos a mente para refletir e meditar sobre um determinado pensamento, isso leva gradualmente a superar a própria mente e o nível racional e a entrar em um estado de consciência livre de conteúdos, calmo, silencioso, desidentificado do intelecto mas, ao mesmo tempo, atento e desperto.
Sri Aurobindo afirma:
“É uma concentração que procede através da idéia e utiliza o pensamento , forma e o nome como chaves que abrem as portas da Verdade escondida atrás de cada pensamento, cada forma, cada nome, para a mente concentrada; isso porque através da idéia o Ser mental eleva-se, além de qualquer expressão, para Aquele que é expresso, do qual a idéia é somente um instrumento”.
Portanto, pouco a pouco, exatamente através do uso consciente e voluntário da mente, é possível alcançar o superamento dela mesma e sua desidentificação, alcançando-se então um estado todo especial chamado por alguns estudiosos da meditação de “estado de atenção ativa“. Na realidade, esta é uma qualidade de atenção diferente, conforme afirma Corrado Penso num de seus escritos sobre a meditação que citamos a seguir:
“… a atenção comumente é passiva, ou seja, acende e apaga dependendo do interesse para com os objetos-eventos que aparecem a sua frente. Enquanto na “qualidade diferente de atenção”, isto é, na atenção ativa, o eixo desloca-se dos objetos-eventos para a atenção… Ficamos atentos ao estar atentos… A proposta da meditação é cultivar esta a atenção ou consciência não identificada com os conteúdos mentais, e, portanto, é profundamente diferente da consciência comumente entendida que consiste nesta identificação…”
A finalidade principal, então, na meditação psicológica, é conseguir acalmar os movimento dos veículos pessoais para desidentificar-se deles e atingir um estado de consciência livre e independente e um “fundo consciencial” que, mesmo vazio e sem conteúdos, tenha a qualidade da atenção atenta e consciente. É o que as doutrinas esotéricas chamam de “atitude do Espectador ou da Testemunha silenciosa“, que na realidade é um nível de consciência muito próximo da consciência do Eu Superior, digamos, um seu reflexo. Ele constitui uma importante meta alcançada, pois permite-nos ter o ponto de apoio necessário para poder dar inicio a uma meditação mais profunda e criativa.
A mente, que em geral constitui o maior obstáculo na fase de preparação ou alinhamento inferior, deve ser treinada para seguir direções bem precisas de pensamento, para concentrar-se numa idéia ou num objetivo precedentemente escolhido, para tornar-se obediente instrumento de conhecimento do Eu Superior, e revelar sua verdadeira natureza de interprete e esclarecedora.
Em geral, é preciso dedicar alguns meses a este tipo de meditação preparatória antes de poder passar para a segunda fase: meditação espiritual, que requer a capacidade de desidentificar-se facilmente e sem maiores esforços dos veículos pessoais, de entrar no silencio e de saber abrir-se a consciência e as energias do Eu Superior e utilizá-las para o própria transformação e para o trabalho.
Todo o nosso trabalho visa exatamente atingir esta condição.
A fase da meditação psicológica, pela qual passam os meus praticantes de meditação traz como resultado fundamental, o aparecimento de um centro de consciência desidentificado dos veículos pessoais, que não é somente um “fundo de consciência” vago e amorfo, mas revela-se a verdadeira dimensão humana, a realidade mais intima do homem, dotada de consciência e vontade. Em outras palavras, ao alcançar o estado de “atenção ativa” e a consciência sem conteúdos, manifesta-se o nosso verdadeiro Eu, o centro de autoconsciência que é o reflexo do Eu Superior, de forma espontânea e sem esforços.
O Eu Superior, mesmo sendo uma centelha da Essência Universal, ao encarnar manifestando-se e revestindo-se de veículos feitos de substancias energias cada vez mais densas, individualiza-se, isto é, tornar-se consciente de si mesmo como entidade autônoma e auto-evolvente, através de todo o processo evolutivo do homem.
O sentido do eu, a autoconsciência, é o reflexo dessa individualização gradual do Eu Superior, desse processo de auto-reconhecimento. Cada um de nós deve, pouco a pouco, enuclear em si mesmo este centro de autoconsciência autentica, o Eu Verdadeiro, a individualidade, que não é o eu psicológico, o Eu construído e egoistico, mas sim um núcleo de consciência livre,, autentico e estável, que reflete a natureza e a essência do Eu Superior.
Assim, a pergunta central que o homem faz a si mesmo ao despertar de sua inconsciência e começar a sentir a exigência de descobrir o significado da vida, é a seguinte: “Quem sou eu?”. Não é nada fácil responder a esta pergunta, e no entanto, se ela for colocada de forma correta e em atitude intensamente meditativa, pode tornar-se o meio catalisador da verdadeira autoconsciência. Narra-se, a respeito, que o grande Mestre indiano Ramana Maharshi, com apenas 17 anos, conseguiu a iluminação e teve a revelação do Eu Superior, exatamente quando fez a si mesmo esta pergunta, em um momento de intensa meditação e procura.
Por não termos, obviamente, o mesmo grau de maturidade de Ramana Maharshi, não poderemos obter um resultado tão rápido e elevado; poderemos porem, através de sucessivas desidentificações , conseguir libertar-nos daquilo que não é o eu e estabilizar-nos num centro de consciência livre e destacado que nos dará o sentido da estabilidade, da autoconsciência e da identidade.
Isto pode acontecer com a meditação psicológica quando praticada com seriedade e constância.
Meditação Pratica 1 – Relaxamento