
Tornar-se um Meditador é tornar-se um Homem de Conhecimento
Todo mundo tem um caminho a seguir – o caminho de sua vida.

Herman Hesse
Herman Hesse escreveu:
A vida de cada homem é um caminho para o si mesmo, uma tentativa de caminho, a sugestão de uma trilha. Nenhum homem jamais foi inteiramente ele mesmo, embora todos tentem chegar a isso – o tolo, o inteligente, cada um da melhor maneira possível.
Existem muitas dificuldades, muitos desvios para se ficar perdido: a benevolência, o amor à pátria, o amor à religião, o intelectualismo, a tentação irresistível de analisar minuciosamente, de descobrir, todos levados pela necessidade de encontrar a satisfação e a suficiência interior.
O Tao Te Ching diz o seguinte:
Quando o grande Tao é perdido, brotam a benevolência e a honradez.
Quando surgem a sagacidade e a sabedoria, aparecem grandes hipócritas.
Quando as relações de família já não têm mais harmonia, temos crianças que amam seus pais e pais devotados.
Quando uma nação está na confusão e na desordem, reconhecem-se os patriotas.
Quando o Tao existe, existe o equilíbrio.
Quando o Tao se perde, surgem todas as diferenças das coisas.
O homem e a mulher comum têm dificuldade para encontrar satisfação e confiança em si mesmo, e assim, abandonam sua natureza intrínseca, tentando ser algo ou alguém diferente.
Como se encontrar?
Quem empreende esta busca é alguém conhecido como o “Sábio” ou “Homem de Conhecimento”. É um homem completamente realizado, embora este conceito nos leve para além do modelo ocidental baseado em Maslow, do indivíduo realizado, plenamente autônomo:
O tornar-se plenamente humano, o desenvolvimento da total perfeição a que a espécie humana possa chegar ou que um determinado indivíduo atinja.
Este pensamento ocidental, embora seja uma saída bem recebida da corrente principal de teoria psicológica que a precedeu, deve trazer comparações, as diferenças entre as coisas. O homem verdadeiramente autônomo, o Sábio, é aquele em quem o Eu Superior age sem obstrução; seu coração é como “um lago plácido, não agitado pelos ventos da circunstância”.

Chuang Tzu
O Capítulo 16 da obra A Via de Chuang Tzu (foi um influente filósofo taoista do século IV a.C.) trata do “ Verdadeiro homem”, dá a visão oriental de placidez serena, embora cosmicamente poderosa:
O que significa o “verdadeiro homem”?
Antigamente, os verdadeiros homens não tinham medo quando ficavam a sós com seus pontos de vista.
Nada de grandes proezas. Nada de planos. Se falhassem, nada de tristeza.
Nada de autocongratulações no êxito.
Escalavam penhascos, jamais estonteados, mergulhavam na água, jamais se molhando, caminhavam através do fogo e não se queimavam.
Assim o seu conhecimento alcançou o caminho para chegar ao Tao.
Os homens de verdade daquele tempo dormiam sem sonhos, acordavam sem preocupações.
Sua alimentação era simples.
Eles respiravam profundamente.
Os verdadeiros homens respiram pelos calcanhares.
Outros respiram pela garganta, meio sufocados. Nas discussões, lançam argumentos como vômitos.
Onde as fontes da paixão são profundas, as nascentes celestiais logo secam.
Os verdadeiros homens de antigamente não tinham cobiça pela vida, não temiam a morte.
Suas chegadas não eram acompanhadas de alegria.
Suas saídas, para além, sem resistência.
Assim como vinham, iam.
Não perguntavam de onde, nem para onde, nem iam em frente com severidade abrindo seu caminho pela vida.
Tomavam a vida como ela vinha, com satisfação, tomavam a morte como ela vinha, sem se importar, e iam em frente, adiante, sempre mais adiante!
Não se preocupavam em lutar pelo Tao.
Não tentaram pôr sua própria imaginação ajudar o Tao a prosseguir.
São esses a que chamamos de verdadeiros homens.
As mentes livres, sem pensamentos, a expressão clara, rostos serenos.
Seriam frios? Apenas frios como o outono.
Seriam quentes? Não mais quentes que a primavera.
Tudo o que vinha deles vinha tranqüilo, como as quatro estações.
O Universo dotou todos os seres humanos com sua própria natureza – viver de acordo com a natureza é o objetivo do Sábio.
O Sábio se preocupa muito com a proteção e com a projeção da sua energia. Ela se manifestará convenientemente na sua vida diária enquanto ele mantiver uma relação harmoniosa com o universo.
O Sábio não se preocupa com questões de certo ou de errado ele se preocupa com a harmonia. As atividades diárias das pessoas provocam pôr todo o universo reações que voltarão a elas como ecos. Portanto, a sorte ou a infelicidade na vida de uma pessoa é criada pôr ela mesma e surge da violação dessa verdade.
O comportamento em si não é correto ou errado; há uma situação em que o Sábio procura agir em harmonia com as leis da natureza. As questões relativas ao pecado ou à virtude não entram em seus cálculos. Se chegar a pensar sobre a questão de alguma forma, verá o pecado como ignorância ou como loucura, pois sabe que a contravenção das leis da natureza traz o inevitável castigo.
E assim, qualquer insinuação de que o Sábio não está preocupado com a moral ou com a ética revela um mal-entendido. Não há ênfase na moralidade, porque ela é aceita como verdade; a fase da ética foi superada.
A mística rede de reações da energia, também chamada destino está amplamente entrelaçada, e a energia sutil não reage necessariamente de imediato ao que projetamos. Porém, o princípio da lei universal da reação de energia sutil aplica-se a toda a criação e estende sua influência pôr todo o contínuo de tempo e de espaço e pôr todas as suas transformações.”
Como diz Chuang Tzu:
Você esta tentando unificar a si mesmo; portanto, não escute com os ouvidos, mas com o coração; não escute com a mente, mas com o espírito.
Eles não se preocupam em lutar pelo Tao.
Não tentaram pôr sua própria imaginação ajudar o Tao.
São esse a que chamamos verdadeiros homens.
A mente deveria estar a serviço do Eu Superior, que deveria ser o senhor dominante em todos os aspectos do ser humano. É muito comum que o oposto prevaleça: estando o Eu Superior subjugando pela mente, ele se torna obsessão. Mas, atingida a harmonia, o Sábio consegue reagir diretamente mesmo nas situações mais difíceis, e pode acompanhar a natureza universal da produtividade e da criatividade, em vez de ser destrutivo.
Acompanhar a natureza universal exige vigilância e capacidade de relaxar. O Sábio, portanto, é um mestre do wu wei.
Esta palavra significa, literalmente, “não-ação”, mas é equívoca, se expressar a idéia de ser um ficar sentado sem fazer nada, como um pedaço de argila. Exatamente como “o Tao é sempre inativo, embora não haja nada que ele não faça” – assim é o Sábio. Ele poderá se animar, quando necessário (embora jamais se submeta à tensão excessiva) e agirá de maneira totalmente adequada quando as circunstâncias o exigirem.
Assim como um animal que necessita da sombra irá encontra-la com tranqüilidade, ou uma planta que necessita da luz do sol irá inclinar-se para ela, o Sábio fará calmamente o que for necessário e com a energia que for preciso. Ele tem sempre a energia suficiente para fazer o necessário, porque toda a sua vida se baseia na administração dos seus recursos, em estar em sintonia com as energias cósmicas em torno de si. Portanto, ele tem a confiança para fazer o que a maioria das pessoas evita: lançar sua espontaneidade em wu wei. A maioria das pessoas evita isso. Elas preferem a segurança aparente de um conjunto de orientações sociais para levá-las através dos labirintos das relações sociais. Evitam o inesperado, o perturbador e a necessidade de se adaptar à novidade. Excluíram a si mesmas do universo natural que as apoia.
Um Homem de Conhecimento fez a importantíssima descoberta de que um ser humano não está isolado e não é um átomo separado e sem importância. Como o princípio vital tudo permeia, como ele flui através do homem e circula pôr toda a criação, ele experimenta todos os aspectos da vida como quem está interligado e inter-relacionado com o vasto universo.
Não é um ser isolado portanto não é o ESPECIALISTA tão na moda hoje em dia. Ai perde-se a visão do todo e mais que a visão a integração |
Na dimensão do tempo, o que acontece agora esta inevitavelmente ligado com o passado e com o futuro. Na dimensão do espaço, tudo o que a pessoa faz influência, direta ou indiretamente, a esfera do universo a que ela esta relacionada, aparecendo uma resposta em suas ações ou projeções mentais.
Sendo assim, parece sensato captar o comprimento de onda e cooperar com o poder universal, em vez de ir atrás de atividades que causem desarmonia para si e para os outros. Pela sua pratica diária, um Homem de Conhecimento consegue a espontaneidade que coopera com o universo. Através do cultivo de si mesmo, do autoconhecimento, uma pessoa assim pode atender a si e aos outros.
– Como tornar-se um Homem de Conhecimento
1) Tornar-se um Homem de Conhecimento é um questão de Aprendizagem que justifica a existência de um sistema para ensinar a consegui-lo.
Tal sistema compõem-se de:
a – Não existem requisitos claros para se ser um Homem de Conhecimento
No entanto, na prática, tal teoria não é válida uma vez que; existem alguns requisitos disfarçados que podem ser denominados de “propósito inflexível” Aprender, entretanto, é um processo de busca inacabável.
2) Um Homem de Conhecimento tem um propósito inflexível
A idéia de que um Homem de Conhecimento precisa de um propósito inflexível refere-se ao exercício da Vontade. Ter um propósito inflexível quer dizer ter a vontade de realizar um processo necessário, mantendo-se dentro dos limites dos conhecimento que está sendo ensinado.
Um propósito inflexível compõem-se de:
a – Frugalidade Ser uma pessoa prudente e econômica no uso dos recursos consumíveis evitando o desperdício, o esbanjamento e a extravagância.
b – Firmeza de Julgamento. Esse conceito não implica no bom senso, mas sim a capacidade de avaliar as circunstâncias envolvendo qualquer necessidade de agir.
Em outras palavras deve-se pensar com o coração e com o espírito.
Meditação Pratica 1 – Relaxamento