Meditação: Pensamento Multidimensional e Localização e Constituição Total do Homem – Programa 16 01 23

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Pensamento Multidimensional

Nós falamos, no nosso programa anterior, que a pratica da meditação é um processo de conscientização, num primeiro momento, da sua condição presente, depois uma desconstrução ou seja, você constatou a forma como você está. Isso feito você vai avaliar o que você gosta e o que não gosta nessa condição e de que como você gostaria de estar e a partir daí então começa a desconstruir aquilo que não lhe agrada para em seguida, após terminada essa desconstrução, começar a se reconstruir de acordo com aquilo que almeja para a sua vida, para sua existência.

O objetivo principal da meditação, nas suas origens, é o aprimoramento do ser humano,  a harmonização com ele mesmo e com meio no qual ele está inserido sendo que esse processo está presente em todas as religiões orientais indistintamente, em formatos diferentes, como iremos observar. Já nas ocidentais (judaísmo, cristianismo e islamismo) esse processo existe de uma forma bem diferente daquela das orientais mas a estrutura básica é a mesma.

Falamos também dos processos que estão sendo desenvolvidos atualmente e que não podem ser chamados de meditação de fato porque não preenchem os requisitos do que seria uma verdadeira meditação uma vez que os cientistas que os estudam,  para que pudessem compreendê-lo em sua integralidade, teriam que sair de seu pensamento linear e passar para um  pensamento multidimensional.

 É com essa temática que nós iremos começar o nosso programa de hoje.

 O que seria essa consciência multidimensional?

Nós já falamos, em programa anterior, acerca da maneira como se desenvolve o pensamento no Oriente e no ocidente e quais são as suas principais diferenças iremos recordar esse processo porque é ele que possibilita a multi dimensionalidade do pensamento.

Enquanto o pensamento ocidental mover-se em linha reta para o objeto do pensamento  ou contemplação, partindo de um ponto de vista particular,  o  modo oriental de  pensar  consiste  mais  em  circular  o  objeto  de contemplação. O “ataque frontal” ocidental leva a um  resultado mais rápido e inambiguo;  mas  ele  o  é  tão  inambiguo  quanto unilateral.

Neste sentido, o método oriental ganha do  ocidental por meio de um “ataque concêntrico” e  constantemente  renovado, movendo-se em círculos sempre menores até o objeto, gerando  uma impressão multilateral, multidimensional, formada da soma ou  da superposições integradas de impressões isoladas  dos  diferentes pontos de vista até que  no  ultimo  estágio  desta  aproximação concêntrica o experimentador tornar-se-ia uno com  o  objeto  de contemplação.                                                   

Este modo de pensar não trata de fixar a  mente  de  acordo com o sistema ocidental, que é fixo, inorgânico e no  qual  dois postulados opostos não podem ser verdadeiros ao mesmo tempo, mas manter  a  mente  em  movimento  como   algo   vivo,   orgânico, espiritual, o que realmente é, isto é, mudar o  ponto  de  vista deixando-o circular o objeto contemplado.                       

Para que fique mais claro o exposto  apresentamos  aqui  as quatro posições da lógica ocidental e oriental:   

As duas primeiras afirmativas se referem ao mundo ou  reino dos objetos concretos, perceptíveis pelos sentidos ou através de conceitos, o reino de entidades fixas,  onde  podemos  falar  de identidade ou não identidade. Em resumo o reino material. Onde atua basicamente o pensamento cientifico assim como a forma de pensar do ocidental

A terceira afirmativa refere-se ao reino da relatividade e corresponde ao estágio dos eventos orgânicos vivos. Para onde nossa estrutura de pensamento esta caminhando.

A quarta, refere-se ao reino da experiência transcendental, excedendo a percepção sensorial  e  conceitos,  porque  seus  objetos   são infinitos e somente acessíveis a intuição, isto é, a  experiência direta ou a experiência de dimensões mais elevadas. Esse é o “reino” da meditação em sua integralidade

A terceira e quarta afirmativas são orgânicas, vivas, dinâmicas espirituais.            

Só podemos entender do mundo  aquilo  que  desenvolvemos  e vivenciamos no nosso interior.                                  

É exatamente nisso que se baseia a meditação.

Localização e Constituição do Homem

Bom agora definida a estrutura de pensamento necessária para que possamos compreender e vivenciar o processo da meditação vamos esclarecer aonde o ser humano está localizado, do ponto de vista das religiões e filosofias orientais, e como ele está constituído porque é em cima dessa localização e constituição que se desenvolve o processo da meditação.

O Universo manifestado como o conhecemos tem raíz em um Principio Eterno Ilimitado, Imutável, Sempre Imanifestado, chamado o Absoluto, Parabrahman, Realidade Ultima, Tao. Este Princípio transcende o alcance da compreensão humana.       

Consciência/Espírito/Yang e Poder/Matéria,Yin não são duas realidades independentes, mas dois aspectos polares do Absoluto. Eles são os primeiros produtos da diferenciação e  a base da Manifestação.  

A vida evolui passo a passo nesse Universo Manifestado através  dos  reinos mineral, vegetal, animal e humano.  A  evolução  continua  mesmo depois de ter sido atingido o estágio humano em seu mais elevado aspecto.    

Os seres humanos, divinos em essência, contêm em si todas as qualidades e poderes que associamos a Divindade, mas em estado germinal. O desenvolvimento gradual destes poderes e qualidades acarreta uma perfeição e uma expansão de  consciência sempre crescentes, sem limites.

O desenvolvimento dessas qualidades  e  poderes latentes é efetuado primordialmente através do processo de reencarnação, o espírito encarnando vezes  e  mais  vezes  em   diferentes:  sexos, raças, países  e  circunstâncias, para adquirir experiências  de  todas as espécies, despendendo em seguida  períodos  de  recolhimento  em planos super-físicos para assimilá-las.       

Não somente o físico, mas também todos os outros aspectos da vida  humana  são  governados  por  leis  naturais operando em suas respectivas esferas. Uma dessas leis de causa e efeito, geralmente conhecida como karma (Palavra do sânscrito (antiga língua sagrada indiana) que significa ação ou ato deliberado), torna o  homem senhor de seu destino e criador de  sua  felicidade  ou  de  sua miséria.     

Assim como nos reinos vegetal  e  animal  a evolução das formas pode ser acelerada pela utilização das  leis biológicas, também a evolução do homem pode ser muito acelerada pela aplicação das leis mentais e espirituais que operam em seus respectivas planos.      

A meditação se baseia na aplicação dessas leis naturais, em sua totalidade, ao processo da evolução humana, leis tão certas e  fidedignas em  resultados definidos quanto as que operam no plano físico dentro  do  campo da ciência moderna. 

Localizado o homem em termos de espaço tempo vamos agora abordar a sua constituição do ponto de vista das religiões e filosóficas orientais

O homem tem uma constituição complexa operando em diversos veículos de consciência desse universo manifestado dele  fazendo  parte  do plano mais elevado, e que vai descendo passo a  passo  até  o  plano físico que se acha, por assim dizer, na periferia da Consciência Divina

Em cada plano  desse, essa  unidade individualizada de consciência, apodera-se da matéria pertencente ao plano e aos poucos prepara um “corpo”  que  passa  a  operar nesse plano com eficiência  cada vez maior.

Consideremos uma dessas unidades de consciência e examinemos  generalizadamente alguns fatos a respeito dos corpos e seu mutuo relacionamento.

O primeiro ponto a ser  notado  nesses  corpos  é  que  a medida que vamos da periferia para o Centro, os corpos vão  se tornando cada  vez  menos  materiais  e  a  consciência  vai  se tornando progressivamente predominante.

De acordo com o conhecimento oriental, A manifestação nos planos sucessivos significa  materialização  cada  vez  maior  da   sua   vida   e envolvimento de sua  consciência  em  véus  gradativamente  mais espessos.  Ao  descer,  plano  após  plano,  a  consciência  vai perdendo seus atributos a cada degrau até que, no plano  físico, o mais externo deles, a consciência atinge o máximo de prisão na matéria

A partir daí o processo se altera e a consciência retrocede internamente, sendo as praticas de meditação uma forma de acelerar esse evento, e  o  processo  de  descida  é invertido, as limitações caem uma após  outra  e  a  consciência torna-se  apta  a  operar  em  crescente  liberdade,  sempre  se aproximando, com a reversão progressiva, da consciência divina.  Esta libertação das limitações e do obscurecimento é experimentada por todo meditador, a proporção que transfere o centro de sua consciência de um  plano para outro e  se  aproxima da Fonte de toda  consciência. 

É necessário que se compreenda este fato importante, pois  quando estamos vivendo no plano físico, absorvidos pelos fenômenos passageiros e comparativamente  grosseiros,  estes  nos  parecem muitíssimo mais vividos  e  pleno  de  vitalidade,  enquanto  as realidades  dos  planos  mais  elevados nos  parecem  nebulosos irreais, e, portanto, sem atrativos.  Tememos perder  o  contato com o plano  físico,  tememos  ser  privados  de  suas  alegrias efêmeras, sem entender que o físico é o mais grosseiro de  todos os planos e nele a vida é um reflexo distorcido das  imagináveis outras associadas aos reinos mais elevados do Espírito.

Cumpre também lembrar que evolução espiritual significa deslocar o centro de consciência em direção ao Centro divino  de nosso ser e compreender de maneira cada vez mais real,  a  nossa divindade. Isto  quer dizer  aperfeiçoar   a   nossa personalidade, embora essa, por sua própria natureza permanece, em grande parte, imperfeita e limitada.

O  desenvolvimento espiritual da Individualidade certamente se  reflete, até  certo ponto na personalidade, pois as limitações inerentes aos  planos inferiores constituem obstáculo a sua plena expressão. É  necessário que se chame a atenção para este fato, visto que muitas  pessoas fazem, em suas mentes, confusão a respeito dele.                

As figuras seguintes mostram os “Sete Princípios no Universo e no Homem” e “Os Corpos do Homem – Segundo as Diversas Escolas Filosóficas”.

        Os Corpos do Homem – Segundo as Diversas Escolas Filosóficas

O segundo ponto a ser observado em relação a esses veículos é que apesar da sua multiplicidade e das grandes  diferenças  na natureza  das  manifestações  por  meio  deles,  a   consciência operando através deles é uma só  e  é  um  raio  da  Consciência Divina.

Estudando o homem e sua complexa constituição, podemos, para efeitos práticos, dividi-lo em diferentes componentes, como vimos acima, mas isto não deve dar a impressão de que haja  diferentes entidades agindo em seu interior, uma dentro da outra. A  consciência  que opera através de um conjunto de corpos é indivisível. Somente seus diferentes  aspectos  aparecem  em  maior  ou  menor  grau, consoante a natureza e o desenvolvimento do  corpo  em  que  a consciência  opera  num  dado  momento.  

A manifestação  num determinado plano depende da natureza intrínseca do  plano  e  o colorido derivado de outros planos através dos  quais  passou  a consciência.

Assim, por exemplo, quando o alma humana parte da Alma Divina (Jivatma em sânscrito) esta  em  ação no  corpo  físico,  sua  consciência  esta  condicionada  pela natureza do plano  físico,  mas  todas  os  outros  corpos  da Alma Divina estão secundariamente presentes e influenciando  a  vida nesse plano.

Na morte, quando o corpo físico é abandonado, o corpo astral se torna o foco da  consciência  e  condiciona  seu funcionamento,   mas   todos os outros   corpos estão secundariamente  presentes  e  modificando  a  manifestação.

 Em Samadhi (Pode ser traduzido por “meditação completa”. Na yoga é a última etapa do sistema, quando se atingem a suspensão e compreensão da existência e a comunhão com o universo. No Budismo é usado como sinônimo de concentração ou quietude da mente.),  quando  o  centro  da  consciência  é  deliberadamente deslocado  de  um  plano  para  outro, um veiculo se  torna momentaneamente o foco da consciência enquanto outros  ficam  no plano  de  frente,  ou  no  secundário,  como  mostra a  figura seguinte.

    

(Jivanmukta (termo Sânscrito das raízes jiva e mukti) é um conceito utilizado em toda a filosofia Hindu. A palavra significa ‘aquele que foi libertado enquanto vivo’. A última meta do Hinduísmo é a libertação do ciclo de nascimentos e mortes. Esta libertação é tecnicamente chamada de ‘moksha’. Desta forma aquelas almas que tiveram esta realização, são chamadas de jivanmuktas, embora eles sejam extremamente raras.)

O fato mencionado acima revela a função primordial da meditação,  levando em  consideração  nossa  constituição  total

Todos  os  nossos corpos são  ligados  entre  si,  são  interdependentes  e  não podemos modificar um sem que, até certo ponto, os  outros  sejam modificados. Se uma pessoa deseja saúde  emocional  não  pode isolar sua vida emocional e tratá-la separadamente. Ela tem  que ver também  suas  vidas  físicas  e  mental,  e se  deseja  ser realmente completa, terá de cuidar além do mais, de sua natureza espiritual.                                                      

O ponto seguinte a ser notado em relação a esses corpos é que, apesar  de  se  situarem  em  diversos  planos  e  a  manifestação  da consciência, operando através deles, difira  de  um  plano  para outro trabalhando em cada grupo como  um  todo,  é  uma  unidade, ainda que esta unidade seja  subordinada  e  esteja  contida  na unidade maior do plano de manifestação  imediatamente  superior.  Este fato é ilustrado no diagrama seguinte.

O circulo  menor  representa  o  limite   operacional   da consciência nos  três  planos  inferiores,  através  dos  corpos físico, emocional e mental, e pode ser  tomado  como  a  esfera  da personalidade (que é o que muda a cada encarnação).

A seguir o circulo maior representa a  esfera  da individualidade (essa perdura enquanto somos homens em processo de evolução), que opera através dos corpos Causal, Buddhico  e Atmico e inclui a personalidade.

A individualidade esta, por sua vez, contida na bem mais vasta consciência  da  Mônada (A palavra mônada deriva do vocábulo grego monas e significa “só”, “solitário”, “unidade”. Foi usada primeiro por Pitágoras e mais tarde por Leibnitz. É um centro de consciência, uma centelha imortal da Chama Divina, de cujas qualidades participa. Dessa condição, portanto, deriva o fato de ser, como sua Chama, potencialmente onisciente e onipresente em seu próprio plano, o Monádico, conhecido na filosofia indiana por Anupádaka. Contém, pois, em estado latente, todos os atributos e poderes divinos que evolutivamente vão-se manifestando mercê das impressões e dos impactos nascidos do relacionamento com os objetos do universo com os quais a Mônada estabelece contacto. Em sendo uma em essência, ela existe em todos os reinos da natureza e mais plenamente no Homem Perfeito.) que  tem suas raízes no plano Adi, opera no plano Anupadaka e exerce  sua influencia no plano Atmico de um modo que não  podemos  entender nos planos inferiores. A Mônada, de maneira incompreensível, esta contida na consciência que tudo inclui.  Vemos assim que a personalidade, a Individualidade e a Mônada são manifestações,  parcial  e  diferentemente  limitadas,   da consciência Universal, sendo que  cada  manifestação  superior  é mais ampla que a inferior e contém esta em sua  amplitude  maior respectivamente Jiva (Personalidade), Jivatma (Individualidade), Atman (Monada) e Paramatman (é o Atman Absoluto, ou Eu Supremo, em várias filosofias como as escolas Vedanta, Yoga e Sikhismo na hindusimo. Paramatman é o “Eu Primordial” ou o “Eu Além” que é espiritualmente idêntico à realidade absoluta e última.) na  terminologia hindu.                           

Pratica 1 de Meditação – Relaxamento                               

https://youtu.be/42XhjE4Pon0

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