
Não é possível tratar aqui, mesmo que resumidamente, do vasto conhecimento do qual iremos apresentar aqui os fundamentos, e muito menos fornecer provas dos muitos fatos incomuns que fazem parte integral desse conhecimento. Mas é justo dar à você alguma ideia dos fatos fundamentais nos quais a Meditação se baseia, e deixar que você decida se pode aceitá-los pois são a base da Meditação e de sua aplicação . É verdade que a eficiência dos métodos adotados na pratica da Meditação de forma alguma dependem da verdade desses postulados, exatamente como o uso da energia elétrica não depende da teoria vigente sobre a natureza da eletricidade. Entretanto, dificilmente se pode esperar que uma pessoa esteja preparada para a longa tarefa do Autoconhecimento (meditação), a menos que aceite experimentalmente as ideias aqui apresentadas ou esteja, no mínimo, preparada para considerá-las como hipóteses razoáveis para finalidades praticas. Antes, no entanto de elencarmos tais ideias devemos procurar entender a lógica oriental, isto porque é sobre esta maneira de pensar que se baseia toda a Ciência da Meditação.
A maneira de pensar do Oriental é diferente, como veremos, da maneira de pensar do Ocidental. Enquanto o pensamento ocidental mover-se em linha reta para o objeto do pensamento ou contemplação, partindo de um ponto de vista particular, o modo oriental de pensar consiste mais em circular o objeto de contemplação. O “ataque frontal” ocidental leva a um resultado mais rápido e inambiguo; mas ele o é tão inambiguo quanto unilateral. Neste sentido, o método oriental ganha do ocidental por meio de um “ataque concêntrico” e constantemente renovado, movendo-se em círculos sempre menores até o objeto, gerando uma impressão multilateral, multidimensional, formada da soma ou da superposições integradas de impressões isoladas dos diferentes pontos de vista até que no ultimo estágio desta aproximação concêntrica o experimentador tornar-se-ia uno com o objeto de contemplação.
Este modo de pensar não trata de fixar a mente de acordo com o sistema ocidental, que é fixo, inorgânico e no qual dois postulados opostos não podem ser verdadeiros ao mesmo tempo, mas manter a mente em movimento como algo vivo, orgânico, espiritual, o que realmente é, isto é, mudar o ponto de vista deixando-o circular o objeto contemplado.
Para que fique mais claro o exposto apresentamos aqui as quatro posições da lógica oriental:
1 – é
2 – não é
3 – é e não é
4 – nem é e nem não é
Em outras palavras as quatro afirmativas postulam:
1 – Ser (ou “existência” do objeto)
2 – Não Ser
3 – Ser como também Não Ser
4 – Nem Ser e Nem Não Ser
As duas primeiras afirmativas se referem ao mundo ou reino dos objetos concretos, perceptíveis pelos sentidos ou através de conceitos, o reino de entidades fixas, onde podemos falar de identidade ou não identidade. Em resumo o reino material.
A terceira afirmativa refere-se ao reino da relatividade e corresponde ao estágio dos eventos orgânicos vivos. A quarta, refere-se ao reino da experiência transcendental, excedendo a percepção sensorial e conceitos, porque seus objetos são infinitos e somente acessíveis a intuição, isto é, a experiência direta ou a experiência de dimensões mais elevadas. A terceira e quarta afirmativas são vivas, dinâmicas espirituais.
Só podemos entender do mundo aquilo que desenvolvemos e vivenciamos no nosso interior.
E exatamente nisso que se baseia a meditação.
Bem, posta a maneira de pensar do oriental, que, como dissemos é também a maneira de pensar que rege as praticas de Meditação podemos então passar as principais ideias que são parte deste conhecimento e que são as seguintes:
01 – O Universo manifestado tem raízes em um Principio Eterno Ilimitado, Imutável, Sempre Imanifestado, chamado o Absoluto, Parabrahman, Realidade Ultima, Tao. Este Princípio transcende o alcance da compreensão humana.
02 – Consciência e Poder, ou Espírito e Matéria, Yin e Yang não são duas realidades independentes, mas dois aspectos polares do Absoluto. Eles são os primeiros produtos da diferenciação e a base da Manifestação.
03 – Os inumeráveis Sistemas Solares que constituem parte do universo manifestado são expressões dessa Realidade Ultima, formando cada Sistema Solar uma unidade independente, e contudo continuando suas raízes na Realidade Sempre Imanifestada.
04 – Todo Sistema Solar é um mecanismo perfeitamente organizado, além de governado pelas leis imutáveis da Natureza, é também a manifestação da Inteligência transcendente chamada Deus ou Logos.
05 – O Sol físico e os planetas a ele ligados são a parte mais externa ou mais densa do Sistema Solar, havendo diversos mundos invisíveis compostos de matéria ou frequências progressivamente mais finas ou rápidas, interpenetrando o mundo físico.
06 – O Sistema Solar completo, com seus planetas visíveis e invisíveis, é um vasto teatro da evolução, onde a vida, em seus vários estágios e inúmeras formas, está evoluindo para uma perfeição cada vez maior.
07 – A vida evolui passo a passo através dos reinos mineral, vegetal, animal e humano. A evolução continua mesmo depois de ter sido atingido o estágio humano em seu mais elevado aspecto.
08 – Os seres humanos, Divinos em essência, contêm em si todas as qualidades e poderes que associamos a Divindade, mas em estado germinal. O desenvolvimento gradual destes poderes e qualidades acarreta uma perfeição e uma expansão de consciência sempre crescentes, sem limites.
09 – O desenvolvimento dessas qualidades e poderes latentes é efetuado através do processo de reencarnação, a alma encarnando vezes e mais vezes em diferentes países e em diferentes circunstâncias, para adquirir experiências de todas as espécies, despendendo em seguida períodos de descanso nos planos super-físicos para assimilá-las.
10 – Não somente o físico, mas também todos os outros aspectos da vida humana são governados por leis naturais operando em suas respectivas esferas. Essa lei de causa e efeito, onde ações geram consequências harmônicas ou desarmônicas é geralmente conhecida como karma (ação), torna o homem senhor de seu destino e criador de sua felicidade ou de sua miséria.
11 – Assim como nos reinos vegetal e animal a evolução das formas pode ser acelerada pela utilização das leis biológicas, também a evolução do homem pode ser muito acelerada pela aplicação das leis mentais e espirituais que operam em seus respectivas planos.
12– A meditação se baseia na aplicação dessas leis naturais, em sua totalidade, ao problema da evolução humana, leis tão certas e fidedignas em resultados definidos quanto as que operam no plano físico dentro do campo da Ciência moderna.
