
O homem atual sofre se assim podemos dizer, de 3 males, que se originam justamente da falta de autoconhecimento.
O 10 de tais males é a Solidão.
Muito já se escreveu sobre a Solidão. Se conversarmos com algum psicólogo ou psiquiatra, com toda certeza ele no dirá que uma das características do homem moderno é a solidão. Se nós, cidadãos do inicio do sec. XXI, nos examinássemos com sinceridade, em outras palavras nos auto conhecêssemos, não encontraríamos o temor do isolamento como nosso companheiro constante, apesar de seus numerosos disfarces?
O nosso mundo é chamado um mundo de comunicação. Os meios de comunicação são de tal modos rápidos e eficientes que parece vivermos numa “aldeia global”. No entanto, em meio de tanta comunicação, o homem se percebe profundamente só. Ele conversa através do seu celular, ou do seu televisor, ou do som de seu carro. Ele não sabe que alguém esta a seu lado. Ele está no meio de tantas pessoas e não conhece nenhuma delas pelo próprio nome. Ele não se interessa por ninguém, nem por si mesmo.
Aqui encontramos uma seria contradição. Um verdadeiro paradoxo. Nós somos voltados para fora de nós. Para o cosmo, consequentemente deveríamos perceber o mundo das pessoas com quem nos relacionamos. Deveríamos perceber que a vida só tem sentido quando unida a outra vida porque todo o Cosmo é uma só vida. Mas, nem sempre é assim. Nós estamos voltados para fora de nós mesmos, é verdade. Para o cosmos, mas um cosmos nebuloso muito indefinido e sem significado. Nós nos voltamos para este mundo fora de nós e acabamos nos deixando levar mais para longe de nós mesmo. Assim, sem relacionar-se com seus semelhantes de modo profundo e intimo, o homem moderno começa a perceber-se solitário, isolado, marginalizado. Ele se torna um numero a mais na sociedade de consumo. Um numero que pouco significa, mas sem a qual nada se faz.
Pouco a pouco, o homem moderno vai tomando consciência de que “toda a história do homem é um esforço para destruir a própria solidão”. É exatamente isto, apesar de vivermos junto com tanta gente, vivemos procurando um meio de nos libertar de nós mesmos. Sair da própria solidão não significa procurar um amigo, um homem ou uma mulher. Sair da solidão significa, em primeiro lugar, encontrar o amigo, o homem ou a mulher em si mesmo, no seu interior para, em seguida, como resultado dessa descoberta, libertar-se do próprio egoísmo. Do próprio mundo indevassável. Do próprio eu temeroso de tudo o que o cerca: enquanto o homem estiver trancado, situação causada pelo medo, dentro de si mesmo, enquanto ele não se abrir para a realidade profunda do mundo dos outros, que estão ao seu lado, que com ele interagem e fazem parte do todo do cosmos, ele não conseguira libertar-se da solidão. Ao contrario, ele se sentira sempre mais escravo dela. Sempre mais longe dos outros e, portanto de si mesmo. É a profunda dialética do homem: sair de si mesmo para enriquecer o seu próprio universo pessoal. Só no movimento, porque vida e movimento, de esquecimento do eu, o encontro consigo mesmo se torna possível.
O 20 dos males é o Vazio.
É difícil precisar se o vazio é conseqüência da solidão, ou a solidão conseqüência do vazio. O homem que vive só, portanto que não se conhece, acaba não determinando exatamente quais os seus desejos, quais os seus ideais, quais as suas necessidades, porque ele não conhece seu verdadeiro eu, o Eu Superior que assim não “ilumina” a personalidade não a tornando clara e fácil de ser lidada. O eu só pode aparecer de fato em contato com o tu, por isso da necessidade da manifestação do Cosmos, para que eu inconstante torne-se consciente. De nada adianta eu “imaginar” qual é a minha realidade interior. É preciso que ela seja constatada no meu relacionamento com os “outros”. Ela se constrói no encontro com a “realidade” do outro. A personalidade, que é o que liga o mundo da manifestação possibilitando a essa ocorrer não é algo dado gratuitamente, mas nasce da troca de experiência, da luta e da harmonia que estabelecemos com aquele que esta ao nosso lado. Portanto para que ela possa bem cumprir sua função deve estar sempre em constante movimento, descoberta, para servir bem ao seu propósito.
Assim, o homem que não se conhece bem, frustra-se, ou melhor, frustra aos seus desejos, inclinações, ideais. Longe de si mesmo, com medo do que possa encontrar, da sua história; contudo não sufoca o impulso inerente à sua natureza de se completar, realizar, de se sentir cada vez mais aquilo ou aquele que ele próprio é. E frustrando suas necessidades, sentir-se-á vazio porque a personalidade não cumprindo sua função não permite ao não manifestado, manifestar-se em harmonia gerando assim o vazio, a sensação do vazio, não aquele vazio fruto do pleno conhecimento, que deve ser o “almejado”.
O homem moderno é um homem voltado para o Cosmos: ele se preocupa em saber o que os outros esperam dele. Mas esquece-se daquilo que ele mesmo espera de si.
No mundo em que vivemos, percebemos uma preocupação pela superficialidade. Nossas conversas giram em torno de esporte, futebol, política, etc. tudo que sai fluente da boca para fora. Nossas palavras jamais nos comprometem, nos engajam. Jamais falamos de nós mesmos, porque sempre falamos o que os outros querem ouvir, ou aquilo que os outros esperam que nos digamos. Por isto, analisando bem grande parte das musicas tocadas, os filmes exibidos, as peças encenadas percebemos, com frequência, que nem musicas, nem filmes, nem peças possuem um sério conteúdo salvo raras exceções, aquela mensagem de verdade, serenidade que nós estamos esperando, de que temos necessidade, em nosso dia a dia.
E qual a razão disto? Muitos acreditam que a razão fundamental seja os fatos apresentados pela história de hoje; conflitos, incertezas, transformações muita rápidas que sói acontecer num ritmo cósmico normal da qual começamos a ter percepção e com a qual não sabemos lidar ainda. O motivo fundamental certamente esta dentro da cada homem ele não pode reconhecer o processo de evolução cósmica. Sua imagem esta pálida desfigurada. E ele se cansou de fazer sempre as mesmas coisas. De dizer exatamente o mesmo todos os dias. Sua vida é uma rotina algo cristalizado. Uma automatização. Seus dias, meses, anos são todos iguais. Ele perdeu ou melhor ocultaram-lhe a força de sua criatividade ou seja a própria vida uma vez que esta é continua criação.
Ai está a razão do vazio: a falta de criatividade, de vida, de movimento do homem de hoje. Ele se habituou a encontrar tudo prontinho para si. Por isto, embotou, perdeu a capacidade para criar algo de novo, algo melhor para si e para os outros. Acabou por se conformar com a sua sorte esquecer-se, por completo, que cada homem é chamado a criar a sua história a sua vida. Consequentemente, sua vida não tem sentido e o jeito é deixar o barco correr.
O ser humano não pode viver muito tempo no vazio. Se não estiver evoluindo, ou seja acompanhando o ritmo da evolução cósmica, em direção a alguma coisa, que também evolui, acaba por estagnar-se, cristalizar-se; as potencialidades transformando-se em morbidez e desespero e eventualmente em atividades destrutivas para uma nova e pulsante vida possa manifestar-se. Para que o cerne divino nele elimine a casca cristalizada e volte a se desenvolver de acordo com o ritmo cósmico.
Esta é uma grande verdade. O homem não pode ficar muito tempo sem exercitar sua capacidade criativa, exatamente porque todo ser humano tem uma enorme capacidade de invenção, sente em si o apelo natural em transformar, em modificar aquilo que ele, de certo modo encontra pronto. Diante do imprevisto, por exemplo, ele sabe, melhor do que qualquer outro ser animado, encontrar a melhor saída, sua vida é uma constante resposta. Tudo o solicita de modo profundamente agressivo, gritante, suplicante. Suas atitudes são constantemente motivadas pelo apelo de sua historia e da história do outro, um recuo diante de uma solicitação vital pode significar o fim de um caminho duramente percorrido.
No entanto, o homem está se habituando, mais e mais, a agir de modo mecanizado: sem criatividade, sem deixar eclodir suas potencialidades, sua vitalidade interior. A sensação de vazio provem, em geral, da idéia de incapacidade para fazer algo a respeito da própria vida e do mundo em que vivemos, isto fruto da ausência de auto-conhecimento e do medo de auto-conhecer-se e descobrir que podemos exatamente aquilo que queremos. O vácuo interior é resultado acumulado, a longo prazo, da convicção pessoal de ser incapaz de agir como uma entidade, dirigir a própria vida, modificar a atitude das pessoas em relação a si mesmo, ou exercer influência sobre o mundo que nós rodeia. Ao contrario do vazio (sunyata termo utilizado principalmente no budismo mahayana, e tem o significado de vazio, referencia uma natureza sem distinções e dualidades.) que é causado pelo pleno conhecimento e vivência dessas potencialidades.
Como resultado desse vácuo interior surge a profunda sensação de desespero e futilidade que a tantos aflige hoje em dia.
O 30 e ultimo dos males é a Ansiedade.
A solidão é o vazio geram esta terceira característica do homem de hoje: a ansiedade.
Ao lermos e assistirmos os jornais, livros e filmes recentes, percebemos que a nossa época é determinada pela ansiedade. Nossos livros, por outro lado exploram bastante a superstição e o misticismo. Por que? Porque o homem que vive sozinho e se sente vazio acaba sentido necessidade de se colocar sob a dependência, sob a proteção de outros homens ou forças.
O vazio gera incerteza e insegurança no homem; percebendo-se tão fraco, por falta de auto conhecimento, o homem sente-se ansioso, ameaçado: sempre em estado de tensão: é o “stress”. O homem está desnorteado interiormente: ele já não sabe distinguir os verdadeiros valores que lhe foram ensinados e são constantemente lembrados das mais variadas formas.
A ansiedade é a reação básica do ser humano a um perigo que ameaça a sua existência ou um valor que ele, identifica com sua existência. Este medo constante acaba gerando também extrema violência.
Vivemos em constante ansiedade sobretudo porque desconhecemos o nosso futuro, porque não sabemos o dia de amanhã. Isto, mais que uma vez fruto da ausência de conhecimento próprio, pois que, aquele que se auto conhece não se “espanta” com o futuro nem lamenta o passado pois todas as suas atitudes são conscientes equilibradas e harmoniosas: sendo assim nítido que tais posturas trarão um futuro similar, logo não há necessidade ou motivo para se ficar ansioso. Já se sabe o futuro que é o resultado de semeado no presente, porque não sabemos confiar em quem realmente devemos, nossa época é marcada pela “corrida”, pela velocidade. Porem, para onde? E a multiplicidade de respostas que encontramos só nos mostra claramente que não sabemos para onde vamos. Mas o homem capaz de sair de sua própria solidão e capaz de fugir do vazio, dificilmente será um homem ansioso.
Em que sentido podemos fazer tal afirmação? Devemos admitir, antes de tudo, que o homem só, é aquele que não pode, por impossibilidade total, acreditar em qualquer outro valor de quem quer que seja, senão no dele mesmo. Com isso afirmamos que ser só significa tudo esperar de si mesmo nada ter com que contar, além dos limites da própria existência. Ora, nossa época, como já dissemos, é marcada pela presença do homem só, do homem insatisfeito consigo mesmo, e com a sociedade em que vive. Por que não se conhecendo também não pode conhecer a sociedade em que vive e da qual é parte viva e integrante. Em conseqüência, nos deparamos com a quase total falência das instituições, das estruturas existentes durante séculos. No impulso de satisfação que move o homem para as coisas e os outros, aparece a ruptura com uma saída evidente e promissora para o problema da existência desprovida de tudo se tornando um enigma, um grande problema: o homem se torna só para resolver sua problemática existencial. Tornando-se só, sua existência se transforma realmente num problema. Não há saída.
As instituições que pretendiam, outorga, proteger o homem dentro de determinados padrões, estáticos e sem vida, já não sugerem mais confiança nos tempos de hoje. É o caso da família. Não é mais a família, o conjunto quem decide: sou eu quem opto por isso ou aquilo.
Em consequência, temos um estado de instabilidade emocional que poderá chegar a verdadeira ansiedade, se não existir dentro de cada um o desejo de se abrir, de se libertar do próprio eu, egoísta e pessoal, e formar o nós, espiritual e coletivo, de adicionar ao impulso cego da afirmação pessoal o caminho a dois, a construção lenta, porém segura, traçada lado a lado com alguém, o nós.
Esta é uma visão muito simples e rápida da situação do homem moderno. Um homem só, vazio e ansioso com medo de tudo e de todos. No entanto não podemos viver assim. É preciso sairmos desta situação; então o dilema; ou eu transformo estas características, procurando estabelecer um relacionamento profundo eu tu, transformando a situação encontrada com minha força interior, através do auto conhecimento, ou eu serei dominado sentindo sobre mim a força, da solidão, vazio e ansiedade.
Bem, apresentamos o problema gerado pela falta de auto conhecimento.
Vem agora a questão de como começar este auto conhecimento.
Existem muitas formas para tal.
No Oriente uma delas é o conhecimento, o trabalho com o corpo que é o ponto de conexão interior, exterior. Assim, um corpo bem conhecido, trabalhado e desenvolvido será um inicio de contato melhor e mais eficiente, pois que o processo não tem fim aprofundando-se no ser cada vez mais.
Este trabalho com o corpo deve ser nos dois sentidos, tanto externo, através de atividades fisicas, principalmente aquelas que exijam flexibilidade, adaptabilidade, como o interno através de um relaxamento e contato maior com os componentes do corpo: ossos, tecidos, nervos, órgãos, etc.
Concomitantemente a este trabalho, mas iniciando-o objetivamente um pouco depois devemos lidar com o nosso emocional, que é muito “atrapalhado”, “bloqueado”. Bloqueios esses oriundos desde o processo gestatório, passando depois pela família, escola, sociedade, profissão, etc.
Tais bloqueios interferem, normalmente de maneira negativa, em nossa vida não nos permitindo nos descobrir e, por decorrência, gerando todos os problemas já descritos anteriormente.
A lida com o emocional se faz revivenciando os bloqueios e os eliminando, isso nos possibilita descobrirmos um pouco mais de nós dando assim condições para a seguinte etapa do trabalho que é entender a mente, os processos mentais, para, em seguida, aprender a controlá-los ate o completo aquietamento da mente quando então haverá condições de ser ouvir a chamada “Voz do Silêncio” ou seja o seu Eu Interior que passara a guiá-lo em sua vida de uma maneira muito mais harmoniosa, plena e satisfatória.
Claro esta, no entanto, que tal trabalho e moroso e muitas vezes dificultoso, mas pode ter certeza altamente compensador ao final; que tanto pode ocorrer a médio como a longo prazo, dependendo, é claro, de uma série de fatores, tanto externos como internos.